Há um bom tempo eu busco conversar com leitores, seguidores, jornalistas e Chefs a respeito do papel feminino na gastronomia.
É que, se pararmos para analisar, essa é uma área essencialmente exercida por mulheres, em termos de conhecimento, preparo, criação, enfim, toda a cultura culinária existente foi transmitida no âmbito das famílias e, consequentemente, da sociedade, pelas avós e mães.
Entretanto, quando o assunto é comercializar a culinária – entenda-se, atuar em restaurantes, ganhar dinheiro e reconhecimento, inovar e, de fato, executar a gastronomia, que é não apenas cozinhar, mas estabelecer regras para o consumo – quem domina o mercado são, óbvio, os homens.
A quantidade de homens mundialmente premiados como Chefs é muito maior. E mesmo em mercados menores, como em Brasília, há muitas mulheres lutando para chegar ao mesmo patamar, mas as condições para isso são muito desiguais.
Assim, a iniciativa da Stella Artois, com a campanha Uncomfortable Food – um trocadilho para o termo comfortable food, usado para referenciar, inclusive, comidas afetivas, saborosas, sem grande complexidade, mas muito aprazíveis – vem cutucar uma ferida e levantar um debate muito importante.
A ação é resultado de um outro movimento, o Juntas na Mesa, pautado em uma pesquisa, realizada pela Stella Artois em parceria com a Ipsos, que apontou as principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres brasileiras no mercado da gastronomia, no caso, nas áreas de crédito, formação e visibilidade.
O Juntas Na Mesa está investindo R$10 milhões nos três pilares mapeados com o fito de promover equidade de gênero na gastronomia, aumentando o protagonismo das mulheres e fomentando o empreendedorismo feminino.
Como podemos ajudar?
Desde o dia 1 de dezembro, mais de 25 restaurantes em seis cidades do Brasil estão oferecendo menus do circuito Uncomfortable Food, com preços a partir de R$ 34,00, criados por chefs mulheres que ressignificaram, em experiências gastronômicas, os desconfortos e desafios que enfrentam dentro das cozinhas profissionais apenas pelo fato de se identificarem como mulheres nesse mercado.
Em Brasília, as casas e chefs participantes são:
O Mimo Bar, da chef Catarina Freire, com o prato “Aonde Cheguei”: um sanduíche de frango frito com maionese picante de bacon, queijo e picles de maçã verde.
Endereço: SCLN QD 205 bloco C loja 25, SHCN.

O Ricco Burger, da chef Renata Carvalho, participa com o prato “Quem Comeu?” – uma referência a frases machistas como “tá ganhando bem, alguém deve estar comendo”. A receita leva pão brioche, 120g de blend suíno Vale do Moura feito na brasa, requeijão do TETA e mel de rapadura da chef.
Endereço: CLS 306-Asa Sul.

No Almeria, as chefs Luiza Jabour e Júlia Helena criaram o “Terra em Virgem”, cuja massa aberta de ravioli com flores representa o estereótipo do feminino, do delicado, frágil e romântico. A massa esconde o recheio de costela na brasa com creme de banana da terra e molho demi glace, finalizado com espuma de agrião.
Endereço: CLS 104 bloo D loja 01

No restaurante Afeto, da chef Babi Frazão, o prato especial é o “Novidade que desafia”, para inspirar a condição de mais credibilidade, retirada de profissionais mulheres. A receita é um bao com camarão empanado, teriaki de tucupi preto, maionese de coentro e pimenta.
Endereço: SHIN QI 10, 10 – Lago Norte

Vamos lá prestigiar?