Eleito por cinco vezes o melhor do mundo pela publicação The World’s Best 50, detentor do número máximo de estrelas Michellin e responsável por um dos cardápios mais modernos, inovadores e, claro, caros do planeta, o Noma anunciou que seu último serviço se dará em 2024.
A princípio, a casa anunciou uma mudança de direção, pela necessidade de se renovar. Certamente, é o tipo de flexibilidade que se espera de qualquer empreendimento antenado com a realidade. Mas será que essa mudança está apenas relacionada à gestão ou também à mudança do mundo gastronômico e da economia mundial?
Um menu harmonizado por quase R$ 4 mil
O Noma foi um dos pioneiros na formulação de cardápios sofisticados que levavam em consideração a sazonalidade dos ingredientes e a sustentabilidade e valorização de matérias-primas locais. Os menus de degustação eram divididos pela época do ano, com nomes como Game & Forest Season (temporada de jogos e floresta), por exemplo. Até as apresentações dos pratos simulam a vegetação e o cenário dinamarquês da estação, tornando a degustação uma experiência não só para o paladar, mas também para os olhos.
Entretanto, isso sempre teve um custo. O menu oceânico harmonizado com vinho, por exemplo, é servido, em 2022, por 4.900 Kroners dinamarqueses, que é a moeda local (o equivalente a R$ 3.659,00), fora tudo o que um brasileiro tem que gastar para chegar e se hospedar na capital da Dinamarca, Copenhagen.
Se durante anos esse nível de preço era visto como uma forma de selecionar clientes de ‘alto nível’, será que depois da pandemia e seu impacto na economia mundial não passa a impressão de desconexão com a realidade e desprezo pelas pessoas que, amando ou não gastronomia, jamais poderiam sequer pensar em gastar seus orçamentos com uma única refeição por esse preço?
O próprio chef e proprietário, René Redzepi, declarou ao The New York Times que o modelo atual de refeições requintadas é “insustentável”. “Financeira e emocionalmente, como empregador e como ser humano, simplesmente não funciona”, disse ao jornal norte-americano.
Filme retrata a obsessão por perfeição na gastronomia
Coincidência ou não, o recém-lançado filme ‘O Menu’, um terror cômico com atores renomados, faz uma caricatura extrema, porém de relevância, sobre as dificuldades de um Chef e sua equipe em buscarem a perfeição constantemente.
Será que esse tipo de restaurante ainda faz comida de fato ou só propõe uma experiência equivalente a uma visita a uma galeria de arte?
Deixo a dica do filme, que estará disponível em streaming a partir do dia 18. Fãs do restaurante, inclusive, disseram que o longa foi diretamente responsável pelo fechamento da casa. Não há qualquer comprovação disto até o momento, no entanto.
E em Brasília?
É claro que nossos restaurantes não têm a mesma proposta do Noma. Mas quanto será que custa comer em alguns dos mais prestigiados em Brasília?
- Sagrado Mar – Menu degustação em oito etapas por R$ 260 com harmonização
- Piselli – Menu degustação em quatro etapas por R$ 228 sem harmonização
- Saveur Bistrot – Menu degustação em oito etapas por R$ 219 sem harmonização
- Noru Sushi – Menu degustação Omakase por R$ 337,81 sem harmonização
- Solo Ristorante – Prato individual mais caro por R$ 150 à base de cordeiro
- Marie Cuisine – Prato individual mais caro à base de mignon, foie gras e trufas, por R$ 189
- Ciotto – Entrada de Blinis de batata com creme azedo de mascarpone e caviar de esturjão ossetra por R$ 850 e prato individual de Bisteca à la Fiorentina por R$ 220
E aí? Até que rola, né?!
Serviços
Noma – Refshalevej 96, 1432 København K, Dinamarca
Sagrado Mar – SHIS QI 17 Comércio Local
Piselli – SHIN Shopping Iguatemi
Saveur Bistrot – St. de Mansões Dom Bosco Conj. 10 – Lago Sul
Noru Sushi – CLNW 10/11, Bloco B – Lojas 2 e 3 – Cond. Stylo – Noroeste
Solo Ristorante – Comércio Local Sul 403 BL C loja 22 – Asa Sul
Marie Cuisine – Comércio Local Sul 103 – Asa Sul
Ciotto – CLS 116 S/N Loja 07 – Asa Sul