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Coluna Informação #038 – Vetor de desinformação

A manhã de ontem iniciou-se com a informação de que mais um inquilino do Palácio da Alvorada foi contaminado com o novo coronavírus

Rudolfo Lago

31/07/2020 5h00

A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, participa da solenidade de Assinatura da MP da Pensa?o Vitali?cia das Vi?timas de Microcefalia do Zika Vi?rus.

A manhã de ontem iniciou-se com a informação de que mais um inquilino do Palácio da Alvorada foi contaminado com o novo coronavírus. O presidente Jair Bolsonaro livrou-se da doença. Mas a passou para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Trata-se de um raciocínio mais do que razoável. Convivendo na mesma casa, parece óbvio que o vetor de contaminação de Michelle tenha sido o seu marido. Michelle passa bem, assim como Bolsonaro reagiu bem ao seu período com a doença. Mas não é assim que acontece com milhares de pessoas. Para mais de 90 mil no país, ela foi fatal.
Tem chamado a atenção nas últimas fotos do presidente Bolsonaro como seu rosto está inchado.

É uma provável consequência do uso de corticóides no tratamento da doença. O uso de tais medicamentos tem sido ministrado para ajudar a reduzir os riscos de comprometimento respiratório e de problemas inflamatórios. Corticóide provoca retenção de líquido. E retenção de líquido pode virar um problema circulatório mais sério. Ou seja: em se tratando de covid-19, nada é banal. Em tudo há o risco de consequências.

Impressiona, assim, que o presidente Bolsonaro siga na mesma balada. Praticamente no mesmo momento em que Michelle dava a informação de sua contaminação em Brasília, ele estava no Piauí mais uma vez provocando aglomerações. Se ele não é mais vetor, porque está curado, não pode garantir que todos os que se aglomeraram para recebê-lo no aeroporto não estavam contaminados. Bolsonaro chegou de máscara. Mas quando resolveu rodopiar nas mãos um chapéu de vaqueiro, tirou-a. Tudo como sempre…

Informação internacional

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Enquanto esses fatos aconteciam no Brasil, nos Estados Unidos de Donald Trump, que Bolsonaro segue como modelo, anunciava-se uma queda de 10% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo semestre. É o maior tombo registrado na economia norte-americana desde a década de 1940.

Lá, o rosto alarajado e o cabelo pintado de dourado do presidente compõem balada semelhante à nossa. Trump minimizou por muito tempo os efeitos da covid-19. Teceu loas à não comprovada eficácia da hidroxicloroquina que, inclusive, andou mandando para cá. Da mesma forma, não foi capaz de criar uma estratégia central e eficaz para evitar a velocidade de ampliação da doença. O mesmo efeito sanfona de abre e fecha prolonga por lá a doença como a prolonga por aqui.

É claro que a necessidade de confinamento e interrupção da atividade econômica é a razão maior da queda. Assim será, em maior ou menor grau, no mundo inteiro. Mas o que se avalia nos EUA é que o fato de a doença se prolongar pela falta de uma estratégia mais eficaz de combate é o principal fator do prejuízo econômico.

Esse não é um quadro muito diferente do brasileiro. Aqui, abre-se e fecha-se. Alguns lugares abrem mais. Outros abrem menos. Não há controle preciso nas fronteiras entre os que abrem mais e os que abrem menos. Alguns lugares abrem, a Justiça manda fechar. Empresas ficam, assim, com dificuldade para organizar seus investimentos. Um restaurante, por exemplo, cria toda uma estrutura para isolar com vidros ou plásticos uma mesa da outra, o que custa caro. No dia seguinte, uma determinação judicial impede a abertura do estabelecimento que estava permitida.

São as consequências da confusão e da falta de planejamento. E não é justo se querer retirar a fatia de responsabilidade do poder central de tudo isso. Ainda que o Supremo Tribunal Federal tenha dado a estados e municípios autonomia para decidir sobre isolamento, primeiro o fez justamente pela falta de segurança quanto a se isso viria do comando central. Mas, além de tudo, há o exemplo. Quem é vetor de aglomeração é vetor de contaminação. E, especialmente, torna-se vetor de desinformação.

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https://jornaldebrasilia.com.br/blogs-e-colunas/in-formacao/coluna-informacao-036-recados-do-estrangeiro/
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