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Histórias da Bola
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GOLEADOR & GOLEIRO

Futebol brasileiro já teve partidas com num terrível, endiabrado “matador” do outro lado do balcão

Gustavo Mariani

15/09/2024 10h43

edmundo

Qual a função de um goleador? Fazer gol, evidentemente. Por isso – sempre e sempre – ele é muito bem pago, aplaudido, tem muitos fãs e é desejado por vários clubes. Mas não é que já teve goleador tentando impedir gols? Coisa complicada! Mas rolou. Aliás, no futebol brasilei acontece de tudo. Vamos ver este lance:

24 de agosto de 1941 –  jogavam Vasco da Gama e Madureira, pelo Campeonato Carioca, no estádio de São Januário, que recebia 1.843 pagantes. Dia de glória para o atacante cruzmaltino Carlos Leite, autor de quatro gols. Bom pra quem estava mandando bola na rede, menos do ponto de vista dos goleados, por um fato incomum no futebol brasileiro. O Tricolor Suburbano (apelido do Madureira) tinha um trio atacante – Lelé, Isaías e Jair Rosa Pinto – que era o terror dos camisas 1. Então! Aos 20 minutos de peleja, seu goleiro (Alfredo) ficou contundido, teve de ser substituído e, como à época substituições de atletas eram proibidas, a sua vaga foi ocupada pelo artilheiro Isaías.

 Bem que ele tentou ser camarada, ajudar a sua rapaziada, mas não era a dele. Levou gol dois minutos depois de trocar de posição. E mais, aos 33, aos 34 e aos 45 minutos do primeiro tempo, e aos  7 e aos 24 da etapa final. Deve ter se arrependido da experiência. Quando nada, já que não conseguiu evitar tantos tentos vascaínos foi fazer aquilo pra´quela galera: 76, em 121 jogos, entre 1943/1946, e um pela Seleção Brasileira de 1944 – antes, 53 pelo Madureira.  

19 de outubro de 1966 – o mesmo Vasco da Gama estava em campo. Daquela vez, no Maracanã, enfrentado o Fluminense, pela nona rodada do Campeonato Carioca, diante de 17.734 pagantes, em uma noite de quarta-feira. Os tricolores abriam dois gols de frente, em 37 minutos de pugna. Ao 38, seu goleiro, Jorge Vitório foi expulso de campo. Esquisito! Instante de gol é para se comemorar. Como é que alguém consegue ser mandado embora? Mas foi!

 Então! O artilheiro Mário Tilico que, até a temporada anterior, havia marcado 50 gols, em 128 jogos, de 1963/1965, pelo Vasco da Gama, foi para o sacrifício.  Demorou mais tempo do que o Isaías pra chorar bola na rede – 10 minutos, enquanto o outro só levara dois. Mas o Tilico segurou o placar Fluminense 2 x 1 pelos restantes 52 minutos em que trocou a camisa 9 pela de número 1, quando as regras ainda proibiam trocar jogadores durante as partidas.   

Mário Tilico se virou com uma camisa cinza no gol dos tricolores, mas aquilo pareceu não ter servido para nada. Pelo meno, para o Jornal dos Sports, que publicou a manchete: “Flu vence sem goleiro” – que saca! O que o Mário estivera  fazendo debaixo das traves?   

 Assim como Isaías, o goleador  Mário Tilico, também, chegou à Seleção Brasileira – em 1967. Pelo Fluminense, entre 1966/1967, foram 24 gols em 64 jogos.04 de setembro de 200989 –  jogavam Vasco da Gama x Cruzeiro, pela Taça Libertadores, diante de 8.408 pagantes, em São Januário. O time mineiro vencia, por 2 x 0, quando o goleiro vascaíno Tiago foi expulso de campo, aos 28 minutos do segundo tempo. Como o time carioca já havia feito as três substituições permitidas na época, o artilheiro Edmundo foi para o gol, fazer o que pudesse. Levou um gol, aos 31 minutos da etapa final, em cobrança de pênalti. Mas o seu esforço foi reconhecido pela torcida, que não o execrou pelo 1 x 3 mandado pelo visitante, e  o aplaudiu, ao final da pugna. A dele era outra: fazer gols: 137, em 244 jogos com a camisa crumaltinada.

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