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Histórias da Bola
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Brilho Colorado

Na data de hoje, o Inter-RS tornou-se campeão de tudo

Gustavo Mariani

17/12/2020 11h29

O sol estava quentaço, em Brasília, na manhã do 17 de dezembro de 2006. A TV Globo iniciava a transmissão de Internacional-RS x Barcelona-ESP, decidindo o Mundial Interclubes da FIFA, em Yokohama, no Japão, e aquela era a brasa daquele final de temporada. Não tive o menor interesse em assistir ao jogo, pois acreditava que o Barça – Valdez; Zambrotta (Belletti), Puyol e Brockhorst; Motta (Xavi), Iniesta, Deco e Giully; Ronaldinho Gaúcho e Gudjohnses (Escudero) – com aquele seu timaço, desse a menor chance ao Inter. E me mandei.

Cerca de duas horas depois voltei, religuei a TV e vi o capitão colorado Fernandão erguendo o caneco de campeão mundial, enquanto um desolado Ronaldinho Gaúcho, então maior craque do planeta, parecia não acreditar no que acontecera. Simplesmente, vivacidade do treinador do time gaúcho, o carioca Abel Braga, ao ver Fernandão contundindo-se na coxa esquerda, durante lance pelo meio do gramado. Pra piorar, o Barcelona começava a dominar a partida e o Internacional a mostrar a gravata (língua de fora, na gíria futebolística).

O Abelão não titubeou. Chamou o alagoano Adriano Gabiru (na foto, comemorando o gol), de 29 de idade, e o mandou pra guerra, tirando da luta o capitão e contundido líder da rapaziada Fernandão. Aos 36 minutos do segundo tempo, o meia paraense Iarley puxou contra-ataque, viu o Gabiru livre e o lançou, na medida, para o carinha entrar na área catalã e balançar o filó: Inter 1 x 0 – depois, foi uma aula – por Clemer; Ceará,. Fabiano Eller, Índio e Rubens Cardoso; Wellington Monteiro, Edinho, Alex (Vargas) e Fernandão (Gabiru); Iarley e Alexandre Pato (Luiz Adriano) – de como se administra uma vantagem.

Devido o tamanho da rivalidade que mantinha com o Grêmio Porto-Alegrense, o Saci (apelido do Inter) não podia viver equilibrando-se por uma perna só, pois o Tricolor dos Pampas (apelido gremista) havia sido campeão mundial interclubes, em 1983. Agora, no entanto, não faltava mais nenhum título aos colorados, que haviam conquistado o primeiro caneco, o comemoradíssimo primeiro primeirão, em 1913 – campeão metropolitano de Porto Alegre. Em 1927, viria o primeiro título estadual e, em 1975, o primeiro nacional, do atual Brasileirão.

Como o rival Grêmio-RS havia sido campeão mundial-1983, para chegar lá, teria que vencer uma Taça Libertadores da América, o que rolou durante a mesma temporada. Para também tê-la em suas prateleiras, o Inter correu atrás e a levantou, durante o mesmo 2006 do caneco mundial.

Antes de ser campeão continental, os colorados haviam vencido mais de uma dezena de disputas internacionais (torneios rápidos), mas a Libertadores que o rival a tinha, era uma obsessão -voltou a carregá-la, em 2010. O Grêmio, depois de 1983, em 1995 e em 2017.

Nessa guerra de rivalidade gaúcha, embora a torcida colorada jovem não curta, pois ainda não era nascida, está no caderninho do clube um título muito importante para a época em que foi conquistado: campeão pan-americano-1936, representando a Seleção Brasileira. Fundado em 4 de abril de 1909, convenhamos: o Internacional nasceu para brilhar – de formas, citadina, estadual, nacional, continental e internacional.

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