É extremamente raro haver um filme que mostre a paternidade de uma forma sem tabus. A sociedade em si tem muita dificuldade de tirar o pai de uma masculinidade rígida e sem emoções. No Brasil — como no resto do mundo — os homens acabam exercendo a figura de quem sai de casa para sustentar a família e abre mão de ser, de fato, um pai. Nesta linha, “Papai é Pop” dirigido por Caito Ortiz, estreia às vésperas do Dia dos Pais e entrega um roteiro delicado, inspirado no best-seller de mesmo nome do escritor Marcos Piangers.
“Papai é Pop” conta a história de Tom (Lázaro Ramos), que muda completamente de vida ao se tornar pai. Junto com sua esposa Elisa (Paolla Oliveira), ele precisa aprender na prática como cuidar da filha, tendo de trabalhar e, ao mesmo tempo, manter saudável o seu casamento. Com Elisa precisando de mais apoio e com as demandas da filha aumentando, o casal se vê com muitos conflitos. Há várias situações divertidas e emocionantes em meio à transformação interior de Tom, que conflita com a forma como a sociedade enxerga um pai presente.
Uma narrativa para reflexão
A trama do filme realmente é muito assertiva, mas, infelizmente, o Brasil tem grande índice de abandono parental por parte dos pais, onde a maternidade se torna protagonista em sua grande maioria. Esse pode ser um ponto negativo do longa, pois mostra uma visão quase que utópica romantizada da paternidade. O personagem de Ramos (Tom) é retratado de uma forma bastante inteligente, tentando fugir ao máximo do estereótipo, com oscilações entre o emocional e a sua verdade com o amadurecimento, entendendo que seu papel é maior que simplesmente “ajudar” a parceira. O longa é direto em todos os momentos, e mesmo com muitas cenas de humor, coloca o público em sintonia correspondente aos dramas como abandono e empatia, com ênfase sobre como o amor pode mudar por pequenas coisas.
Grandes atuações
Lázaro Ramos é um dos maiores nomes do país quando se fala em ótimas atuações. Em “Papai é Pop”, está extremamente carismático. Mas o grande destaque na trama é a atriz Paola Oliveira, que mostra de maneira incrível as dificuldades da maternidade, principalmente quando não se tem ajuda. Muitas mulheres irão se identificar.
Direção
A direção é de Caíto Ortiz, já conhecido pelo filme “O Roubo da Taça” (2016) e pela série da Netflix “Coisa Mais Linda”. Em “Papai é Pop”, Caíto entrega um bom resultado, dando o devido destaque para as atuações. Talvez o maior problema técnico do filme seja a forma corrida de apresentar os cortes, pois os anos são retratados pela idade da criança e se passam muito rápido, o que pode causar certo incômodo. A trilha sonora é embalada por hits nacionais que corroboram com os momentos de drama e humor.
Conclusão
“Papai é Pop” é um filme muito delicado, que acerta ao retratar a paternidade tentando fugir da realidade brasileira, mas sem desmerecer em nenhum momento a maternidade, com uma ótima sacada em estrear próximo ao Dia dos Pais, mesmo depois de alguns atrasos na produção. Vale a pena assistir.
Confira o trailer:
Ficha técnica:
Direção: Caíto Ortiz;
Roteiro: Marcos Piangers, Ricardo Hofstetter;
Elenco: Lázaro Ramos, Paolla Oliveira, Elisa Lucinda, Leandro Ramos e Malu Aloise;
Gênero: Comédia e Drama;
Distribuição: Diamond Filmes;
Duração: 105 minutos;
Classificação Indicativa: Livre
Assistiu à pré-estreia a convite da Espaço/Z