Aconteceu no último domingo (25) uma das premiações mais importantes para o cinema. O Oscar carrega na própria identidade o fato de ser uma solenidade americana para os americanos, porém, no ano de 2021 trouxe à tona vencedores inusitados e pela primeira vez na história da premiação, tivemos uma mulher de origem asiática como vencedora da estatueta de melhor diretor, na ocasião, diretora.
A retomada desta coluna que vos fala, se dá em um momento oportuno para a sétima arte, quando percebemos que a globalização chegou para todos. Quanto o improvável deixa de ser impossível e se torna viável.
Em um bate papo com Maíra Carvalho, Diretora de Arte do filme “O último cine Drive-in” e ela nos contou na visão profissional que possui, o que achou, quais as observações sobre a tão aguardada noite e como a cena cinematográfica tem mudado. O que podemos fazer para continuar com esse legado? Vamos lá…
“Uma cerimônia tranquila, palco nivelado com a platéia, poucas mesas. Trouxeram a excelência para o evento com falas mais aprimoradas dentro de um âmbito técnico pertinente ao próprio cinema” explicou Maíra.
De acordo com a Diretora, a democracia conseguiu superar barreiras antes pouco vistas como questões raciais e de gênero. Partindo da premissa que a academia tende a acompanhar o mercado se adequando às necessidades, a premiação tem evoluído a cada ano. Ela considera como a melhor edição de todos os tempos.
Cinema Nacional
Quando questionada sobre a capacidade de filmes brasileiros participarem ativamente de premiações internacionais, Maíra explica que apesar da democratização, a visibilidade ainda beira a superficialidade. Orçamentos baixos, pouco investimento e uma cultura de não propagação socioeconômica da categoria.
“Eu participo de outras premiações e vejo o potencial que temos lá fora”, fala sobre festivais que são mais plurais quando o assunto é a diversidade linguística.
Mesmo com pouco dinheiro, o brasileiro tem enraizado uma das principais características fundamentais para que tudo corra bem, a criatividade. A notícia boa, é que agora não mais, depende-se tanto de investimento para uma produção.
A era digital fez com que uma simples ideia atrelada ao conhecimento técnico pudesse transformar o que conhecemos hoje como cinema.
Obviamente quando se trata de grandes fenômenos dos efeitos especiais, novamente a falta de recurso se coloca como um divisor de águas do que vai ou não para a vitrine mundial, e o cinema nacional infelizmente tropeça com frequência nesse obstáculo.
Plataformas de Streaming
Maíra Carvalho conta como começou a carreira no cinema. Andava de estúdio em estúdio, batendo de porta em porta para conseguir uma pequena participação sequer em produções cinematográficas. Apesar das dificuldades, ela conseguiu aos poucos conquistar o próprio espaço. Passaram alguns anos desde o começo de tudo, mas em meados de 2006 participou da produção de um longa metragem.
Toda essa trajetória, a diretora nos conta, para que possamos entender como se dá a carreira de um profissional da área.
Segundo ela, as plataformas de Streaming como NetFlix, Amazon Prime entre outros, tornaram a desburocratização e o acesso ao cinema mais suave, contudo, a balança dificilmente pende de maneira igualitária para todos que procuram por uma oportunidade. As condições de inserção no mercado de trabalho já não são as mesmas de quando Maíra começou.
Uma dica muito importante que ela dá aos que querem se engajar no ramo é estudar muito, se aprimorar, conhecer pessoas, estar no meio do processo, ou seja, ser visto e principalmente lembrado.
Afinal de contas, quem é Maíra Carvalho? Vamos conhecer um pouco mais sobre a mente pensante por trás de tudo isso que aprendemos hoje?
Vencedora dos prêmios de Melhor Direção de Arte no Festival de Gramado e no Festival Guarnicê, ambos de 2015, com o filme O Último cine Drive-In (de Iberê Carvalho), dentre mais alguns prêmios, Maíra Carvalho é Diretora de Arte, pesquisadora e produtora desde 2002. Em seu currículo, mais de quarenta produções cinematográficas, dentre longas-metragens, séries, telefilmes, curtas e dezenas de produções publicitárias, espetáculos teatrais e cenografias.
É graduada em História e Mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília, especialista em História e Estética do Cinema pela Universidad de Valladolid (Espanha) e em História da Arte pela Faculdade Dulcina de Moraes. É sócia criadora da produtora Quartinho Direções Artísticas.
