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Vasco x Corinthians, a final improvável que explica por que a Copa do Brasil é diferente de tudo

Os dois times passaram boa parte da temporada oscilando da metade da tabela para baixo, em alguns momentos até flertando com a zona de rebaixamento

Marcondes Brito

21/12/2025 5h23

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Neste domingo, o Maracanã vai receber mais de 60 mil pessoas para a decisão da Copa do Brasil entre Vasco da Gama e Corinthians. O segundo jogo da final começa exatamente do ponto em que o futebol gosta de começar: do zero. O empate sem gols na partida de ida deixou tudo em aberto e transformou a decisão em um retrato fiel do espírito do torneio.

É uma final improvável, e isso não é um problema. Vasco e Corinthians passaram boa parte da temporada oscilando da metade da tabela para baixo, em alguns momentos até flertando com a zona de rebaixamento. Não eram apontados como protagonistas do ano, tampouco figuravam entre os favoritos ao título. Ainda assim, chegaram à decisão. E é justamente aí que a Copa do Brasil se explica.

A democracia da Copa do Brasil está no mata mata. Está na chance de um time atravessar a competição vivendo o seu melhor momento, eliminando adversários mais fortes no papel e chegando a uma final sem precisar ser dominante durante toda a temporada. Em 2025, foi exatamente isso que aconteceu. Palmeiras, Flamengo e outros times mais cotados ficaram pelo caminho. Não por acaso, mas porque o formato permite surpresas, tropeços e noites históricas.

Esse caráter democrático será ampliado a partir de 2026. A competição vai saltar de 92 participantes, em 2025, para 126 clubes na próxima edição. São 34 times a mais, um crescimento de cerca de 37 por cento. Já há a previsão de que o torneio chegue a 128 equipes no ano seguinte. Para alguns, esse aumento soa como exagero. Para nós, é o contrário. É coerência com a essência da competição.

O novo formato mantém o que dá identidade à Copa do Brasil. As quatro primeiras fases seguem em jogo único, o que acelera o funil e amplia o drama. A partir da quinta fase entram os clubes da Série A, com confrontos de ida e volta até as semifinais. A grande diferença está na decisão. Ao contrário desta edição, que teve dois jogos, a final a partir de 2026 deve voltar a ser disputada em partida única, conforme os planos da CBF.

As mudanças também impactam fora de campo. A ampliação do número de participantes e o novo desenho do torneio tornam a Copa do Brasil um produto ainda mais valioso. A expectativa é de valorização significativa dos direitos de transmissão a partir de 2026, com a adoção de um modelo mais flexível de comercialização. A ideia é abrir pacotes distintos para TV aberta, TV fechada, streaming e pay per view, ampliando o alcance e a concorrência entre plataformas.

Mas o ponto central não é comercial. É esportivo. A Copa do Brasil precisa continuar sendo essa porta aberta para clubes das divisões inferiores, para times que raramente têm a chance de enfrentar gigantes, jogar em grandes estádios, gerar receitas extraordinárias e escrever capítulos únicos de sua história.

Quem acha que 92 clubes já eram demais talvez precise olhar para fora. A FA Cup a tradicional Copa da Inglaterra, reúne 736 times de todas as divisões do futebol inglês. É esse modelo amplo que sustenta o romantismo, a imprevisibilidade e a relevância social da competição.

O futebol precisa disso. Os times pequenos precisam disso. E o torcedor também. Neste domingo, quando Vasco e Corinthians entrarem em campo no Maracanã, não será apenas uma taça que estará em disputa. Estará em jogo, mais uma vez, a essência de um torneio que lembra ao futebol que nem tudo se resolve em orçamento, elenco milionário ou favoritismo prévio. Às vezes, se resolve no mata mata. E ainda bem.

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