A história de Ernildo Júnior soa quase inacreditável para quem conhece Serra Branca, pequena cidade do Cariri paraibano. De lá saiu o empresário que fundou a Pixbet e transformou sua marca em uma das maiores casas de apostas do Brasil. Em pouco tempo, Júnior conseguiu o que parecia impossível: fechar o maior contrato de patrocínio do futebol nacional, estampando a camisa do Flamengo em um acordo avaliado em cerca de R$ 110 milhões.
O voo alto, porém, começou a enfrentar turbulências. O clube rubro-negro negocia de forma amigável a rescisão do contrato, após sucessivos atrasos nos pagamentos. Segundo dirigentes do Flamengo, a dívida já ultrapassa metade do valor do acordo, acumulada desde o ano passado. A saída da Pixbet abre espaço para novas empresas do setor, como Superbet e Sportingbet, que já disputam o posto de patrocinador master.
O empresário que queria mais
Ernildo Júnior não é apenas um nome do mercado de apostas. Ele também circula nos bastidores da política paraibana. Além de ter influenciado na eleição do prefeito Michel Alexandre em sua cidade, Serra Branca, chegou a ter seu nome especulado como suplente de João Azevêdo, governador da Paraíba, em uma possível candidatura ao Senado em 2026. A ideia seria simples: entrar como “trem pagador” — oferecendo apoio financeiro robusto em troca da suplência, que poderia eventualmente abrir-lhe as portas para a cadeira de senador.
Embora a articulação nunca tenha passado do campo das especulações — e aliados do governador garantam que Azevêdo não quis sequer ouvir a proposta —, a história ilustra bem o tamanho das ambições de Júnior. De patrocinar o maior clube do Brasil a sonhar com uma vaga no Senado, seus planos eram grandiosos, quase megalomaníacos.
O peso das apostas
A trajetória de Ernildo Júnior é marcada por contrastes. De um lado, o exemplo de um paraibano que conseguiu erguer um império a partir de uma cidade pequena e sem grande expressão no cenário econômico. Do outro, os sinais de desgaste de um setor ainda envolto em polêmicas no Brasil, especialmente pela associação com jogos de azar e pela instabilidade de empresas que crescem rápido, mas enfrentam dificuldades em manter compromissos milionários.
Agora, com a provável saída da Pixbet do Flamengo, Ernildo Júnior experimenta algo novo em sua carreira: a sensação de declínio. Se um dia foi celebrado como símbolo do poder das bets no futebol brasileiro, hoje enfrenta a realidade de que até voos mais altos podem perder sustentação.