O Corinthians está na semifinal da Copa do Brasil depois de um confronto equilibrado, tenso e dramático contra o Cruzeiro. Venceu no Mineirão por 1 a 0, perdeu na Neo Química Arena por 2 a 1 e resolveu tudo nos pênaltis. Ali, o futebol criou seus personagens preferidos, e a internet tratou de ampliar o roteiro. O herói óbvio foi o goleiro Hugo Souza, que defendeu duas cobranças e garantiu a classificação alvinegra.
Mas, curiosamente, outro personagem central da noite atende pelo nome de Gabigol. Ao perder o pênalti decisivo pelo Cruzeiro, o atacante virou vilão em campo, mas protagonista absoluto fora dele. Supervalorizado, com salário na casa dos 2 milhões de reais por mês, hoje reserva de Kaio Jorge e cada vez mais distante daquele Gabigol decisivo de outros tempos, ele teve o erro imediatamente conectado a um episódio que a internet jamais esqueceu.
Em maio de 2024, ainda jogador do Flamengo e em conflito aberto com o clube, Gabigol apareceu vestindo a camisa do Corinthians em uma reunião com amigos dentro de casa. A imagem provocou enorme repercussão, acelerou sua ruptura com o Flamengo e culminou na perda da camisa 10, substituída pela 99 como um recado claro de desgaste irreversível. Agora, a mesma foto voltou a viralizar com força total, quase como se o futebol tivesse decidido ironizar o próprio roteiro.
No fim das contas, uma disputa equilibrada foi definida por um detalhe, e por um personagem que, voluntária ou involuntariamente, acabou ajudando o Corinthians duas vezes: quando vestiu a camisa fora de campo e quando errou o pênalti dentro dele.
“Não era a forma que merecíamos acabar o ano, depois de uma grande temporada.. Obrigado nação Azul pelo apoio incondicional! Assumo minha responsabilidade e meu erro, tenho certeza que voltarei mais forte e sempre pronto para ajudar quando for necessário”, postou Gabigol nas redes.
O outro finalista
O Vasco é o outro finalista. Venceu o jogo de ida por 2 a 1, perdeu a volta por 1 a 0 para o Fluminense e, assim como na outra semifinal, a decisão foi para os pênaltis. De novo, emoção até o limite. E de novo, o Vasco se deu melhor. Foi um clássico tenso, nervoso, daqueles que seguram o torcedor até o último chute. Aliás, vale o registro: os dois jogos das semifinais deste domingo tiveram públicos superiores a 60 mil pessoas, um retrato claro do sucesso desta edição da Copa do Brasil.
A competição aponta agora para uma final improvável. Vasco e Corinthians chegam à decisão vivendo situações extremamente complicadas fora de campo. O Vasco ainda tenta se livrar do imbróglio criado por uma SAF mal concebida, um projeto de sociedade anônima que deu errado e até hoje cobra seu preço. O Corinthians, por sua vez, atravessou um processo traumático de impeachment presidencial, convive com dívidas gigantescas, salários atrasados e um esforço permanente de reorganização. Ainda assim, os dois estão na final. E isso, mais do que qualquer discurso, explica por que o futebol segue sendo um dos esportes mais democráticos do mundo.