Nos tempos atuais, virou quase moda ver ex-jogadores comparando seu futebol com o de craques do passado ou do presente. Em muitos casos, a modéstia passa longe e o ego corre solto. Edílson “Capetinha”, por exemplo, já afirmou sem piscar que jogava mais que Kylian Mbappé. Edmundo, o “Animal”, disse várias vezes com que foi superior a Ronaldo Fenômeno durante toda a carreira, fez o dobro de gols e conquistou mais títulos. Neto, hoje comentarista da Band, não se acanha em se colocar acima de nomes como Luís Figo, eleito melhor do mundo, e chegou a definir Paulo Henrique Ganso como um “teco-teco velho” diante de seu próprio “Boeing”. Filipe Melo, por sua vez, garantiu ter mais futebol que Casemiro, mesmo reconhecendo as cinco Champions League do atual volante do Manchester United. E da Seleção Brasileira.
Essa confiança desmedida contrasta com uma postura que se tornou rara: a de Zico. Em recente entrevista, o Galinho foi questionado sobre comparações com diversos gigantes da bola. Em vez de se colocar no topo, respondeu com sinceridade e critérios claros:
— Platini? Pau a pau, estilos parecidos, ele evoluiu mais depois que fui para a Itália.
— Ronaldinho Gaúcho? Em habilidade, não. Talvez em objetividade, sim.
— Maradona? Não.
— Messi? Não.
— Cruyff? Não, um dos cinco maiores da história.
— Neymar? Pau a pau, mas ele ganha em habilidade.
— Pelé? “Não devia nem comparar. Deus, quando fez um jogador, colocou tudo nele. É o rei, e rei só tem um.”
O depoimento de Zico é quase uma aula de respeito à história do futebol e de consciência sobre o próprio legado. Ele sabe o tamanho do que fez, mas reconhece a grandeza alheia sem tentar diminuir ninguém. Em um cenário onde muitos ex-jogadores tentam inflar a própria importância com comparações forçadas, o Galinho prova que a verdadeira grandeza também está na humildade.
Vale destacar que, mesmo sem conquistar a Copa do Mundo, Zico gravou seu nome entre os maiores da história da Seleção Brasileira. Entre 1976 e 1989, ele disputou um total de 71 partidas oficiais e marcou 48 gols. Ainda hoje é o quinto maior goleador, ficando atrás de Pelé (77 gols), Neymar (64), Ronaldo (62) e Romário (55).
Sem dúvida, um gigante do nosso futebol.
