Carlo Ancelotti deu ontem aquela resposta que muita gente passou anos esperando ouvir no âmbito da Seleção Brasileira – mesmo sem ele citar ninguém além de Vinícius Júnior. Perguntado sobre o namoro do Vini com a influenciadora Virgínia, sobre o fato de o jogador estar virando manchete mais pela vida pessoal do que pela bola no Real Madrid – e logo depois de ter protagonizado aquela cena grotesca ao ser substituído por Xabi Alonso, chutando garrafa e esbravejando contra o próprio clube – o técnico do Brasil foi cirúrgico: eu não sou irmão, eu não sou pai, eu sou apenas o técnico de Vinícius. O que ele faz fora de campo não me interessa.
Esse recado tem endereço certo – e cabe como uma luva em Neymar.
Porque se tem uma coisa que acompanhamos nos últimos anos, é a sucessão de treinadores da Seleção que tratavam Neymar como filho. Tite – principalmente Tite – mas também o jovem Fernando Diniz, cada um à sua maneira, abraçaram o papel de paizão. Era o menino Ney, o garoto diferenciado, o gênio que merecia um ambiente emocional especial.
E sim, é verdade: depois de Romário, Ronaldo e Ronaldinho, o único realmente genial dessa geração foi Neymar.
Mas o problema nunca foi o talento. O problema sempre foi o tratamento.
E agora, Ancelotti deixou claro que, com ele, não tem esse negócio de “filhinho predileto”. Ele não vai ser pai de ninguém.
Ele é técnico.
E pronto.
O recado para Vinícius Júnior vale igual para Neymar – e vale para toda a turma que, às vezes, parece achar que está acima do clube, do vestiário ou da Seleção.