O atacante brasileiro Matheus Cunha, contratado pelo Manchester United há pouco mais de dois meses, foi tema de uma extensa reportagem publicada nesta terça-feira (19) no The Athletic, caderno esportivo do The New York Times. O texto acompanha a estreia do jogador no clube inglês contra o Arsenal e recupera sua trajetória desde os primeiros passos no futsal até chegar ao mais famoso estádio da Inglaterra, Old Trafford.
Natural de João Pessoa, na Paraíba, Cunha iniciou a carreira ainda menino, jogando bola com o pai e participando de equipes de futsal locais. Foi nesse ambiente que chamou a atenção de Barao Xavier, ex-olheiro do Santa Cruz e fundador do CT Barão, em Recife, uma das academias independentes mais bem-sucedidas do Nordeste.
Xavier percebeu cedo o diferencial do garoto: “Ele era líder, dois-pés e cognitivamente estava à frente dos outros”, contou ao jornal. Mesmo treinando apenas duas vezes por semana, já que precisava viajar de João Pessoa a Recife, Cunha se destacou a ponto de ser levado para o Coritiba aos 14 anos.
Formação diferenciada
A reportagem ressalta que a formação de Cunha, fora do sistema rígido dos grandes clubes, permitiu maior versatilidade e maturidade. A experiência no futsal foi determinante para o estilo de jogo que o acompanha até hoje: criatividade, rapidez no raciocínio e capacidade de improvisação.

Essa herança foi visível já na estreia pelo Manchester United. Contra o Arsenal, Cunha não marcou gols, mas demonstrou movimentação inteligente, arriscou jogadas individuais e foi elogiado pelo antigo treinador: “Quando ele atua mais recuado, consegue alimentar o time. É muito criativo”, disse Xavier, lembrando que o raciocínio rápido nasceu no futsal.
A reportagem também mostra como o atacante mantém vínculos com sua origem. Recentemente, esteve no CT Barão, onde distribuiu chuteiras e deixou uma mensagem de incentivo às crianças: “Acreditem nos sonhos e treinem duro.”
O gesto reforça o papel de Cunha como exemplo para jovens atletas brasileiros, que veem no jogador um caminho possível entre as quadras simples e a elite do futebol europeu.
No palco principal
A chegada ao Manchester United amplia a projeção internacional de Matheus Cunha, que já defendeu a Seleção Brasileira principal e conquistou o ouro olímpico em Tóquio-2020. No clube inglês, carrega a expectativa de ser peça importante no ataque e de corresponder ao peso de vestir uma das camisas mais tradicionais do planeta.
Mesmo sem o gol na estreia, a avaliação foi positiva: mostrou personalidade, buscou o jogo e deixou a impressão de que pode se firmar rapidamente em Old Trafford. O New York Times resume: trata-se de um jogador em ascensão, que combina talento técnico com resiliência e já se apresenta pronto para os desafios de um gigante europeu.