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Manipulação no UFC? Quando o MMA começa a se parecer com a WWE

No Brasil, isso existiu nos anos 60 e 70 sob o nome de telecatch, que teve como grande ídolo Ted Boy Marino. Lembra?

Marcondes Brito

06/11/2025 5h22

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A suspeita de manipulação na luta entre Isaac Dulgarian e Yair Del Valle, no UFC Vegas 110, levanta um paralelo incômodo: a maior organização de MMA do planeta começa a ser comparada com a WWE. A diferença é que, no UFC, o resultado deveria ser legítimo, imprevisível, competitivo. Já na WWE, o script sempre existiu – a luta é espetáculo, entretenimento coreografado, resultado combinado. E quando o UFC passa a conviver com movimentos bruscos de apostas e decisões suspeitas, a pergunta surge por impulso: até onde isso continua sendo esporte?

A WWE, para quem não lembra, é o produto mais famoso do pro wrestling americano, uma indústria bilionária baseada em lutas ensaiadas. No Brasil, isso existiu nos anos 60 e 70 sob o nome de telecatch, que teve como grande ídolo Ted Boy Marino. Não havia competição de verdade – havia personagens, encenação, show. O público sabia, mas aceitava, porque o propósito era entretenimento. Por isso a comparação com o UFC soa tão grave: o MMA se vende como o extremo oposto disso.

Voltando ao caso concreto: a luta Dulgarian x Del Valle está sob investigação. O UFC assumiu oficialmente a gravidade da suspeita, informou que um serviço independente de integridade acompanha as apostas e confirmou que o caso está sendo apurado. O que chamou atenção foi a queda repentina das odds: horas antes do combate, Dulgarian era favorito absoluto; minutos depois, a cotação despencou, o mercado virou para Del Valle, plataformas suspenderam o mercado ou reembolsaram apostadores – e o resultado final foi exatamente o cenário mais beneficiado pela movimentação de apostas: finalização no primeiro round.

A consequência foi imediata: Dulgarian foi demitido do UFC no dia seguinte. Sua bolsa foi retida pela Comissão Atlética de Nevada. E tudo isso sob o agravante de que ele já havia trabalhado com James Krause, o treinador banido por manipulação em 2022.

E o detalhe final é este: quando o UFC é obrigado a reforçar seu discurso de “integridade” de forma tão enfática, é porque a fronteira do risco já foi cruzada. Porque é justamente aí que o MMA corre o risco de deixar de ser esporte e virar aquilo que nunca quis admitir que existe – um show com roteiro.

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