O massacre de 6 a 0 sofrido pelo São Paulo diante do Fluminense, na noite desta quinta-feira, não foi apenas uma goleada histórica. Foi uma humilhação simbólica para um futebol paulista que, em 2025, parece ter perdido completamente o respeito, e também a hierarquia, dentro do Campeonato Brasileiro.
Placar desse tamanho costuma ser raridade, mas neste Brasileiro já virou rotina. Em agosto, outro carioca aplicou o mesmo 6 a 0 em outro gigante paulista. O Vasco passou o rolo compressor sobre o Santos na Vila Belmiro, e o Santos é justamente o mais desesperado entre os paulistas, afundado na zona de rebaixamento. Dois cariocas, dois placares idênticos, dois gigantes paulistas implodidos. E nenhum dos dois cariocas é campeão do mundo, ao contrário das vítimas. O São Paulo é tricampeão mundial, o Santos é bicampeão. Ao que tudo indica, ninguém respeita mais a velha nobreza do futebol paulista.
O Brasileirão 2025 escancarou uma superioridade contundente do Rio de Janeiro em relação a São Paulo. O Flamengo está virtualmente com a taça na mão. O Palmeiras, que parecia ser o único capaz de acompanhar o rubro-negro, perdeu muitos pontos nas últimas rodadas. E os demais paulistas vivem um cenário constrangedor. O Corinthians patina, o RB Bragantino também está distante da briga por algo maior, o São Paulo estacionou no meio da tabela e o Santos amarga a zona da degola.
A exceção é o improvável Mirasol. O time que todos imaginavam que brigaria contra o rebaixamento virou o representante mais alto astral do futebol paulista, ocupando o quarto lugar da tabela. O novato que subiu em 2024 virou uma metáfora do caos que atinge os grandes de São Paulo.
Enquanto isso, o Fluminense, com os seis gols, garantiu vaga na Conmebol Sul-Americana ou Libertadores de 2026 e subiu para a quinta colocação com 58 pontos. Abriu dez pontos sobre o São Paulo e não sai mais do G7. A goleada também repete o maior placar da história do confronto entre as equipes, igualando o 6 a 0 de 2002. E, ao contrário do que muitos imaginaram nas redes sociais, a vitória não foi no Morumbi, e sim no Rio de Janeiro.
O detalhe mais saboroso, ou mais amargo, está no banco de reservas. O técnico do Fluminense é Luís Zubeldía, demitido recentemente pelo próprio São Paulo. Não foi lei do ex, foi lei da vingança, a mais explícita possível. Um treinador dispensado voltou como visitante e devolveu, gol por gol, tudo aquilo que achava que merecia ter recebido em respeito.
Se o futebol paulista precisava de um sinal de alerta, o Fluminense tratou de acender todos ao mesmo tempo. Com goleada, com revanche e com um recado claro. Acabou a hierarquia. Hoje, os cariocas mandam, e os paulistas assistem.
