O Flamengo se vingou dos pênaltis. Se há pouco mais de um mês a equipe caiu diante do Atlético-MG na Copa do Brasil, agora foi a vez de sobreviver na mesma loteria e avançar às semifinais da Libertadores. A vitória nos tiros da marca da cal deve, sim, ser comemorada — porque a tragédia, nesse caso, é perder.
O herói da noite foi Rossi, que começou a carreira justamente no Estudiantes. E não deixa de ser irônico que tenha sido contra seu ex-clube que o goleiro viveu uma das noites mais marcantes da sua trajetória.
Logo após o apito final, a reação nas redes sociais oscilava entre a euforia pela vaga e a frustração pela atuação apática. O torcedor rubro-negro, sempre exigente, queria mais do que sofrimento. Queria um Flamengo impositivo, capaz de resolver a parada no tempo normal. Em vez disso, viu um time sem ambição, que até criou chances no início, mas passou a maior parte do jogo sendo dominado.
O Estudiantes marcou no fim do primeiro tempo e chegou a balançar a rede outra vez, mas o VAR anulou o segundo gol por centímetros. É aquele tipo de lance em que a diferença entre a tragédia e a sobrevivência é mínima, quase como uma bola no tênis que toca a fita da rede. A verdade é que o Flamengo poderia, sim, ter sido eliminado. E se escapou, foi mais por Rossi do que por méritos coletivos.
O contraste com a eliminação recente na Copa do Brasil é inevitável: lá, o time caiu nos pênaltis; agora, sobreviveu na mesma loteria. A história só lembra o resultado, mas o futebol cobra. E a dupla de zaga rubro-negra foi um desastre, perdendo praticamente todas as disputas. O time parecia satisfeito em apenas resistir.
Agora o adversário será o Racing, outro argentino, mas de nível superior. Campeão da Sul-Americana, o Racing não perdoará um Flamengo tímido. O rubro-negro precisa recuperar sua autoridade, mostrar fome de vitória, algo que o Palmeiras, por exemplo, exibiu diante do River Plate.
Para o torcedor, fica o recado: comemore a classificação, porque pênaltis são traiçoeiros e poderiam ter sepultado o time outra vez. Sofrer faz parte da mística do futebol, e dessa vez a moeda caiu do lado flamenguista. Mas o sinal de alerta está dado — para seguir até a final, o Flamengo vai precisar muito mais do que sorte e um goleiro inspirado.