Flamengo e Paris Saint-Germain fizeram uma final eletrizante da Copa Intercontinental, decidida apenas nos pênaltis após 120 minutos de intensidade máxima. A derrota rubro-negra nas penalidades não apaga, em absolutamente nada, a grandeza da campanha nem o tamanho da temporada construída pelo clube em 2025.
Nos primeiros momentos, o PSG mostrou por que é considerado o adversário mais temido do futebol europeu atualmente. Organizado, intenso e tecnicamente forte, empurrou o Flamengo para trás. O time brasileiro sentiu o peso da decisão no primeiro tempo, jogou nervoso e com dificuldades para se impor.
A virada de postura veio a partir da leitura precisa de Felipe Luiz. O treinador percebeu o medo, fez as mudanças necessárias e reposicionou o time mental e taticamente. Mesmo ainda pressionado, o Flamengo passou a competir melhor, mais equilibrado e consciente de suas possibilidades.
O empate veio em pênalti sofrido por Arrascaeta e convertido com maestria por Jorginho. A partir daí, o Flamengo mostrou maturidade, resistiu defensivamente e criou oportunidades claras para vencer tanto no tempo normal quanto na prorrogação. O PSG não conseguiu superar o campeão sul-americano jogando bola.
A decisão foi para os pênaltis, onde o futebol entrega sua face mais cruel: a loteria. Foi ali, e apenas ali, que o PSG conseguiu vencer o Flamengo. No jogo, no conjunto e na entrega, houve equilíbrio absoluto. Os flamenguistas tiveram a proeza de perder quatro cobranças. O goleiro Rossi ainda defendeu uma, mas não adiantou de nada.
A derrota não diminui em nada uma temporada extraordinária. O Flamengo encerra 2025 como o clube mais vitorioso do país, dono de um ano incomparável na história do futebol brasileiro. Perdeu nos pênaltis, mas saiu de campo gigante.
Futebol globalizado
A final da Copa Intercontinental entregou algo raro: um jogo menos sobre clubes e mais sobre seleções. O campeão sul-americano enfrentou o campeão europeu em um duelo que reuniu jogadores de vários continentes, retrato fiel do futebol globalizado que domina a elite mundial.
Os números explicam bem esse cenário. O Flamengo entrou em campo com apenas 36,4% de jogadores brasileiros entre os titulares. Ainda majoritariamente nacional, o time rubro-negro mostrou forte presença sul-americana, especialmente do Cone Sul, formando um elenco multicultural, mas ancorado na identidade brasileira. O PSG, por sua vez, apresentou uma verdadeira seleção mundial: apenas dois franceses no time, com Portugal como base do meio-campo e atletas vindos da América do Sul, da Europa Oriental e da Ásia.
Contra um adversário como o PSG, não há margem para erro. A exigência era de um jogo perfeito. O exemplo estava recente na memória: seis meses antes, o Botafogo venceu esse mesmo PSG no Mundial de Clubes com um plano tático impecável, defesa sólida e uma única bola aproveitada por Igor Jesus. Bastou uma.
O Flamengo tentou seguir esse caminho, mas fez um primeiro tempo muito aquém. Irregular, excessivamente cauteloso e dominado pelo PSG, criou pouco e sofreu gols, ainda que apenas um tenha sido validado. A sensação era de um time impactado pela dimensão do adversário.
No segundo tempo, a postura mudou. O Flamengo voltou mais ousado e mais próximo de sua identidade, mas dois fatores pesaram. Arrascaeta, principal jogador da temporada, esteve muito bem marcado e não conseguiu decidir. Sem ele funcionando como eixo criativo, o time perdeu fluidez.
O outro problema foi Rossi. Visivelmente nervoso, o goleiro falhou em um lance anulado e também no gol sofrido, afetando o emocional da equipe. Flamengo sentiu justamente nos dois jogadores que foram seus grandes pilares ao longo do ano.
Do outro lado, estava um PSG extremamente planejado, capaz de ser implacável quando o rival erra — e também vulnerável quando comete falhas, como já mostrou em decisões recentes. Esse contraste ajuda a entender o tamanho do desafio.
Flamengo x PSG acabou sendo mais do que um jogo. Foi um espetáculo global, que parou o Brasil diante da televisão e das plataformas digitais. A última partida do ano fechou 2025 com a imagem mais clara do futebol atual: clubes que se transformaram em seleções e um nível em que, para sonhar, é preciso beirar a perfeição.