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Belém virou vilã, mas a Copa do Mundo revela como funciona o mercado hoteleiro 

Segundo o The New York Times, os preços dos hotéis nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2026, nos Estados Unidos, Canadá e México, dispararam mais de 300% 

Marcondes Brito

15/12/2025 5h30

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Quando Belém foi escolhida para sediar a COP-30, uma das críticas mais duras que surgiram, internas e externas, foi contra a disparada no preço das diárias de hotel. Falou-se em abuso, especulação, falta de preparo, ganância. A capital paraense, o Brasil e até o setor hoteleiro nacional foram colocados no banco dos réus como se estivessem cometendo um pecado grave contra o mundo civilizado.

Pois agora vem um banho de realidade direto do chamado primeiro mundo. Segundo reportagem do The New York Times, baseada em levantamento do site The Athletic, os preços dos hotéis nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2026, nos Estados Unidos, Canadá e México, dispararam mais de 300% logo após a divulgação da tabela oficial do torneio.

Em alguns casos, o salto é simplesmente astronômico. Na Cidade do México, por exemplo, um hotel que hoje cobra US$ 157 por noite passou a cobrar US$ 3.882 nas datas próximas ao jogo de abertura da Copa. Um aumento de 2.373%. É o mercado reagindo de forma instintiva a um evento global.

A pesquisa levou em conta seis hotéis por cidade, nos aplicativos do Marriott e do Hilton, analisando as tarifas mais baratas disponíveis para duas noites nas datas dos jogos. O resultado foi um aumento médio superior a 300% nas 16 cidades que receberão partidas.

O próprio The New York Times ressalta que não se trata de um fenômeno novo. Nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, as diárias subiram 141% em relação ao ano anterior. A diferença agora é a escala. A reação do mercado foi imediata e muito mais agressiva.

Ou seja, o que aconteceu em Belém não foi uma distorção tropical nem um traço de atraso brasileiro. Foi a velha e conhecida lei da oferta e da procura operando em sua forma mais crua, exatamente como acontece em Paris, Nova York, Los Angeles ou Cidade do México.

A diferença é que, quando isso ocorre no hemisfério norte, chama-se dinâmica de mercado. Quando ocorre no Brasil, vira escândalo internacional.

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Belém foi julgada antes mesmo de receber os investimentos estruturantes que já estão em curso. Agora, o mundo assiste a um fenômeno idêntico em países com muito mais tradição turística, infraestrutura consolidada e cadeias hoteleiras globais.

A lição é simples. Grandes eventos geram grandes distorções temporárias de preços em qualquer lugar do planeta. Talvez, da próxima vez, seja prudente aplicar o mesmo rigor crítico tanto para o Norte quanto para o centro do mundo.

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Edição impressa do Jornal de Brasília

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