A decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, nesta terça-feira (2), de considerar que forçar um cartão amarelo não caracteriza crime, pode ter amparo jurídico, mas preocupa quem acompanha de perto a integridade do esporte. O caso envolve o lateral Igor Cariús, acusado de ter provocado uma advertência no Brasileirão de 2022 a mando de apostadores. O STF entendeu que a conduta não está prevista como crime e concedeu habeas corpus ao jogador.
O peso real de um cartão amarelo
Para quem acompanha futebol, não existe cartão irrelevante. A advertência forçada acumula para suspensão, altera o planejamento de um time, influencia jogos seguintes e interfere no andamento de um campeonato. É um gesto que afeta o espetáculo e fere o espírito do esporte, que depende de lisura para existir. Reduzir esse ato a algo que “não muda o resultado” revela desconhecimento do funcionamento do futebol profissional, hoje um negócio bilionário que exige mecanismos firmes de proteção.
O risco de normalizar a manipulação
Especialistas em integridade esportiva lembram que a manipulação não se restringe ao placar final. Envolve qualquer ação capaz de influenciar o andamento da competição. Cariús, na Justiça Desportiva, foi suspenso por um ano por ter recebido dinheiro para provocar o cartão. A decisão do STF, embora respeitável, abre margem para interpretações que fragilizam o combate a um dos maiores problemas do futebol mundial: o envolvimento de atletas com esquemas de apostas.
O caso encontra paralelo no processo que envolve o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, acusado de situação semelhante. Mesmo sem efeito automático, o julgamento desta terça envia um sinal preocupante. Em um esporte que vive de credibilidade, qualquer brecha pode custar caro.