A coluna publicada hoje sobre a renovação do contrato de Filipe Luiz teve um efeito imediato nas redes sociais. Ao percorrer as reações da torcida do Flamengo, especialmente nos comentários e debates que se seguiram ao texto, fica claro que a maioria dos rubro-negros não comprou a tese de que o clube estaria errado na negociação. Pelo contrário: a repercussão mostra uma torcida majoritariamente alinhada com a postura do Flamengo e desconfiada da condução do treinador.
Há um padrão claro nas reações. Muitos torcedores não compraram a tese de que a discussão seja apenas financeira. O entendimento mais recorrente é que o ponto central está na multa rescisória baixa e no desejo do treinador de manter uma porta escancarada para a Europa. Para essa parte da torcida, o Flamengo não pode se colocar na posição de refém, ainda mais depois de uma sequência recente de técnicos que usaram o clube como trampolim ou deixaram o projeto no meio do caminho.
Outro aspecto que aparece com força é a memória do torcedor. O Flamengo realmente nunca economizou quando errou. Pagou indenizações altas, engoliu prejuízos e reiniciou projetos sem hesitar. Mas justamente por ter feito isso tantas vezes, o discurso agora é outro: gastar fortunas para corrigir erros virou algo inaceitável. E, na visão de muitos rubro-negros, aceitar uma renovação com cláusulas frágeis seria repetir o mesmo ciclo, só que de forma disfarçada.
Também chama atenção o tom menos emocional e mais pragmático de parte da torcida. Há reconhecimento do trabalho de Filipe Luís, dos títulos e da organização do time, mas isso não se converte automaticamente em carta branca. A frase “ninguém está acima do clube” aparece de diferentes formas, reforçando a ideia de que o Flamengo, hoje, se vê — e é visto por sua torcida — como uma instituição que precisa se proteger, mesmo quando o profissional do outro lado deu certo.
Isso não significa unanimidade. Existem vozes que defendem o treinador, lembram que ele começou ganhando pouco, que entregou resultado rápido e que merece valorização. Mas, no balanço geral, essas opiniões são minoria. A maioria aceita pagar mais salário, reconhece mérito, mas rejeita facilitar uma saída no curto prazo.
O que a repercussão revela, no fundo, é uma mudança de mentalidade. O Flamengo que antes gastava sem discutir para apagar incêndios agora encontra respaldo popular para ser duro justamente quando acertou. A ironia é essa: pela primeira vez em muito tempo, o clube negocia com quem funciona — e a torcida, cansada de recomeços caros e traumáticos, parece disposta a bancar a postura firme da diretoria.