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Fala, Torcida
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Quem para Abel?

Há 2 anos e 5 meses à frente do Palmeiras, Abel pode se tornar bicampeão brasileiro com facilidade graças ao bom planejamento alviverde

Thiago Henrique de Morais

10/03/2023 5h00

Atualizada 09/03/2023 18h01

Foto: César Greco/Ag. Palmeiras

A última vez que um treinador conseguiu acumular um bicampeonato seguido no campeonato brasileiro foi entre 2013 e 2014, quando Marcelo Oliveira levou o Cruzeiro aos títulos daquelas temporadas. Desde então, nenhum técnico repetiu a dose, muito em função da falta de continuidade entre os treinadores brasileiros. O próprio comandante da Raposa acabou caindo logo em seguida, em 2015, após resultados ruins e uma falta de planejamento a longo prazo – o mal do resultadismo que habita entre nós.

Mas em 2023, talvez veremos ver isso se repetir. Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, tem tudo e mais um pouco para fazer com que o alviverde volte a ser campeão brasileiro. Atualmente, o clube paulista não possui adversário no futebol nacional e tem de tudo para faturar o Brasileirão no fim da temporada. O time é constante, não sofre com a perda de jogadores – caso de Scarpa, que deixou o Verdão para ir se aventurar no futebol inglês – e tem um técnico que sabe lidar com as adversidades.

E analisando o perfil do treinador, somente um convite da Seleção Brasileira o tiraria do Palmeiras na atual conjuntura. Ou seja, Abel Ferreira só não ficará no Verdão por mais alguns anos se não quiser. Houve resultados ruins na competição de pontos corridos no ano passado, mas a diretoria decidiu por mantê-lo no cargo até faturar o Brasileirão 2022. Em meio a tudo isso, o português conseguiu levar o alviverde a dois títulos de Libertadores e um de Copa do Brasil.

Por mais que possa chegar uma proposta do futebol europeu, Abel só sairá do Palmeiras se fora para um time tão competitivo quanto, ou seja, equipes do alto escalão. E, convenhamos, nenhum clube europeu de grande porte hoje vê nos técnicos sul-americanos a possibilidade de escolha. Os olhos deles só viram para o lado de cá para a contratação de jovens promessas.

O trabalho de Abel Ferreira é fruto de um planejamento sério, coordenado por uma diretoria que não se abala por qualquer resultado. Diferentemente do Flamengo, que, desde 2019, quando tornou-se o time mais autossustentável do futebol nacional, já está em seu sexto treinador desde a saída de Jorge Jesus, que decidiu deixar o clube para ir para o Lado B do futebol europeu – Portugal, com o Benfica, e mais recentemente na Turquia, com o Fernebache. Nem mesmo três títulos seguidos (Brasileiro 2020, Supercopa e Carioca 2021) mantiveram, por exemplo, Rogério Ceni no cargo, que foi demitido em meio à disputa da Série A sem vários de seus jogadores importantes, que estavam na Copa América 2021.

O Atlético-MG até poderia repetir a dose em 2022, mas contou com um treinador que adora deixar o clube após conquistar importantes. Cuca já havia feito isso em outras ocasiões, sempre com a mesma justificativa, sendo que meses depois, sempre estava à disposição para uma oferta de trabalho. No ano passado, Cuca voltou ao Galo, após um trabalho irregular de Antonio Mohamed, mas já era tarde e não havia como contornar a situação. Ao fim do ano, ele voltou a sair do clube mineiro.

De todos os treinadores da Série A do futebol brasileiro, apenas quatro estão há mais de um ano no comando de suas equipes: Abel Ferreira (2 anos e 5 meses); Juan Pablo Vojvoda, do Fortaleza (1 ano e 10 meses); Rogério Ceni, do São Paulo, (1 ano e seis meses); e Paulo Pezzolano, do Cruzeiro (1 ano e 2 meses), sendo que esses dois últimos sempre estão balançando em seus cargos. E por ter um plantel qualificado, uma boa estrutura financeira e de treinamentos, o Palmeiras é o único destes com ambições reais de faturar tudo nesta temporada. Talvez o Fluminense, de Fernando Diniz, que irá completar um ano à frente do clube em abril deste ano, pode fazer frente ao alviverde, mas ainda assim é muito difícil ver o Tricolor mantendo uma regularidade durante toda a temporada, principalmente por conta da média alta de idade dos atletas.

Assim, Abel Ferreira tem tudo não só para ser um dos poucos treinadores a conquistar dois títulos brasileiros seguidos, mas também para seguir nessa linha de conquistas por um bom tempo.

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