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Fala, Torcida
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Prejuízo além do campo

CBF permitiu que finais dos estaduais ocorressem em meio à estreia na Libertadores, causando danos dentro e fora das quatro linhas para Flamengo e Palmeiras, por exemplo

Thiago Henrique de Morais

08/04/2023 11h31

Foto: Rodrigo BUENDIA / AFP

Os campeões das últimas quatro edições da Copa Libertadores, Flamengo e Palmeiras, sem os seus times principais, estrearam com derrotas na principal competição Sul-Americana. E há um porquê – a final dos campeonatos estaduais, que, graças a um calendário mal feito pela CBF, promoveu que as decisões regionais acontecessem entre a partida de estreia no torneio continental. E o prejuízo financeiro é grande em função dessas derrotas.

A partir deste ano, a Conmebol pagará US$ 300 mil – o equivalente a R$ 1,5 milhão – por cada vitória de um time na fase de grupos da Libertadores, além dos US$ 3 milhões pela participação na primeira fase. Uma grana considerável, principalmente para equipes que possuem uma folha salarial alta. Mas em função da final dos estaduais, Flamengo e Palmeiras abriram mão desse valor, levando equipes alternativas para o primeiro jogo da fase de grupos da Libertadores.

E se olharmos as premiações dos estaduais, esse dinheiro irá fazer muita falta, principalmente para o Flamengo. O Carioca estimava pagar R$ 8 milhões ao campeão e R$ 1 milhão ao vice, valores que não foram confirmados pela Federação do Rio de Janeiro, principalmente após o fracasso na venda dos direitos de transmissão.

Nos últimos dois anos, para se ter uma ideia, não houve uma premiação vultuosa. Em 2022, por exemplo, o Fluminense ganhou um carro no valor de R$ 80 mil. Em 2023, os clubes podem sair de campo apenas com o troféu. Algo tão absurdo, tendo em vista a premiação do famigerado Campeonato Candango, que dará R$ 1 milhão ao campeão.

Por outro lado, no Paulistão, já há a definição do valor para o campeão, que faturará R$ 5 milhões. Em caso do vice-campeonato, a quantia é de R$ 1,65 milhão. O estadual de São Paulo é o que melhor paga à nível nacional, seguido do próprio Distrito Federal.

O momento das equipes na atual temporada também influencia a decisão dos treinadores levarem os seus times reservas para a partida de estreia na Libertadores. Vitor Pereira está balançando no cargo desde as quedas no Mundial de Clubes, Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana. Ainda que tenha vencido o jogo de ida por 2 a 0 sobre o Fluminense, o título não está nada confirmado – principalmente levando em consideração a freguesia recente do rubro-negro diante do Tricolor. Ainda assim, todos os titulares viajaram – seis deles terminaram o jogo diante do Aucas, em Quito, no Equador.

O Palmeiras, por sua vez, apesar de ter perdido o duelo de ida para o Água Santa na partida de ida do Paulistão, tem crédito e mantém o favoritismo na decisão, principalmente por jogar em casa o duelo de volta. E mesmo que perca o estadual, não haverá crise. Sem contar que o Palmeiras deve ser o líder de seu grupo, apesar da derrota na estreia. Vale lembrar que os titulares do Verdão ficaram em São Paulo se preparando para o duelo do próximo domingo enquanto foram os reservas que entraram em campo e venderam caro a derrota para o Bolivar, em La Paz, na Bolívia.

De qualquer forma, há o prejuízo financeiro. E a responsabilidade passa, também, pela CBF, que mantém uma infinidade de datas reservadas para os campeonatos estaduais. Sem contar que a preservação de vários titulares nada garante a vitória na decisão e, consequentemente, o título estadual – que na maioria dos casos só serve para ter mais um troféu para empilhar na galeria dos times. Ao torcedor, resta apenas ficar a mercê desse calendário esdrúxulo que temos no Brasil, onde os estaduais possuem o mesmo peso de uma Libertadores da América e ver o seu time passando vergonha e jogando a responsabilidade na altitude. Torçamos para que um dia isso mude. Quem sabe eu ainda esteja vivo para ver isso acontecer.

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