A seleção brasileira Sub-23 faz, hoje, o seu segundo jogo no Pré-Olímpico, às 20h, contra a Colômbia. E a depender do que foi apresentado na partida inaugural, diante da Bolívia, precisa melhorar — e muito — para obter uma das duas vagas para a competição na França, em agosto, e manter o sonho vivo de ser o único país da história a conquistar três ouros consecutivos.
A falta de criatividade da equipe brasileira diante dos bolivianos foi algo assustador. Jogar buscando apenas o erro do adversário, o mais fraco do continente, foi algo surpreendentemente negativo, principalmente com alguns talentos em campo, caso do brasiliense Endrick. O único gol da partida, logo no início do jogo, foi praticamente a única chance efetiva – ainda que dois gols também tenham sido bem anulados.
Um dos maiores problemas da seleção atual (que até se estende ao time principal) é tentar fugir do estilo de jogo que chegou a dar vários títulos ao Brasil. O pragmatismo e a maneira monótona de jogo, respeitando as linhas de jogo que nem os europeus, mecanizou a seleção brasileira. São raras as jogadas de efeito durante as partidas. Quase nunca vemos os atletas arriscarem. Até porque é mais fácil recuar a bola para a linha defensiva do que gerar possíveis contra-ataques.
E isso não é culpa do futebol brasileiro num geral. Os clubes nacionais, por mais que também tenham se adequado ao estilo europeu, por muitas vezes buscam o jogo e se arriscam nas partidas. Não são jogos monótonos. Muito pelo contrário – é bem verdade que, às vezes, até dá raiva de ver tantos erros. O principal problema é a seleção brasileira em si, que não consegue agregar qualquer sentimento de empatia.
Já disse algumas vezes neste espaço e volto a repetir: não se iludam com qualquer resultado mais amplo caso eles venham a acontecer. A seleção brasileira não convence a ninguém, não passa mais sustos, não impõe o respeito de antes. Isso ocorre muito em função dessa característica robotizada dos jogadores. Por mais habilidosos que eles sejam, não conseguem gerar qualquer situação fora da caixa. É o mais do mesmo. Quem acompanhou os únicos jogos do time principal do Brasil sob o comando de Ramon Menezes, há quase um ano, percebeu isso. Não é que falta criatividade. Ela só não está sendo bem aproveitada.
A seleção brasileira deve passar para o quadrangular final – até porque teve sorte em cair em um grupo ridiculamente fácil – e ainda é candidato forte para se classificar para os Jogos Olímpicos de Paris. Mas caso conquiste essa vaga, chegará à competição sem dar qualquer convicção ao torcedor. Ainda mais com uma forte França como rival, que pode ter Mbappé, que manifestou o desejo de jogar o evento parisiense dias atrás.
Na semana que vem, Dorival Júnior fará sua primeira convocação, visando os jogos contra Espanha e Inglaterra, os primeiros amistosos realmente fortes da seleção brasileira em alguns anos. Vejamos como será o trabalho, quais jogadores serão relacionados e, mais do que tudo, se o treinador irá fazer valer o discurso de que o brasileiro tenha mais carinho e paixão pela seleção brasileira.