A federação entre o União Brasil e o PP criará uma nova força política brasileira, com força para mudar, inclusive para mudar o Distrito Federal, anunciou na tarde desta terça-feira a vice-governadora Celina Leão – ela própria presidente regional do PP – durante a festa da formação do grupo.

A nova coligação, que se autobatizou como União Progressista Brasileira, é muito numerosa em nível nacional: nasce com 109 deputados, dos quais 59 do União Brasil e 50 do PP, o que significa a maior bancada do Congresso. No Senado, são 14 cadeiras, sete de cada um, que suplantam o maior partido, o PSD, que fica com 12.
Do ponto de vista brasiliense, porém, os números são mais modestos. Conta só com três distritais, um do União e dois do PP, ficando sua real força na capital com a vice e também com o governador Ibaneis Rocha, que é do MDB, mas prestigiou o surgimento da nova coligação. Ibaneis sentou-se à mesa diretora, confraternizou com os novos dirigentes e participou das conversas.
Apesar do tom oposicionista adotado por muitos dos participantes da criação da Federação, as siglas não devem fazer um desembarque imediato do governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva e, muito menos, uma coligação com adversários ostensivos da administração.
Mais adesões



Os dirigentes da nova União Progressista Brasileira comemoraram ainda a adesão de um governador, Eduardo Riedel, de Mato Grosso do Sul, que aproveitou a data para trocar o PSDB pelo PP.
Com isso, em nível estadual o partido fica com 12.398 vereadores, 1.335 prefeitos, 186 deputados estaduais e quatro distritais. Conta, ainda, com seis governadores, entre eles Ronaldo Caiado (União-GO), e quatro vice-governadores, incluindo Celina Leão.
A festa continuaria pela noite: Rueda organizou um jantar que incluiu, na lista de convidados, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Paraná, Ratinho Jr (PSD).



Os três são os principais cotados para herdar o espólio político do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.


Também deveriam comparecer os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado, que já pertence ao União Brasil, e Ibaneis Rocha, que funcionou como uma espécie de anfitrião. O comando do partido será partilhado pelos presidentes do PP, Ciro Nogueira, e Antônio Rueda (União Brasil), ambos na foto.
Para onde vamos

Já dá para saber que o União Progressista vai crescer. Ainda nesta semana, com a filiação da senadora Margareth Buzetti ao PP, a aliança deve ultrapassar por margem maior PL e PSD e alcançar 15 senadores, garantindo a maior bancada na Casa. O governador de Mato Grosso do Sul reforça essa tese.
Mas como ficará perante o governo? Dirigentes da federação afirmavam nesta terça-feira que a aliança deverá se posicionar de forma crítica ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O problema é que os dois partidos estão representados no governo. O União Brasil conta com Turismo e Comunicações, o PP com Esportes. É verdade que são ministérios de pouca verba e menos peso, mas estão dentro do governo.
De qualquer forma, os presidentes do PP (Ciro Nogueira) e do União Brasil (Antonio de Rueda) têm defendido o lançamento de uma candidatura de centro-direita em 2026. O União tem um pré-candidato: o governador de Goiás Ronaldo Caiado. Mas Ciro Nogueira é um dos defensores de uma costura em torno do nome de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e filiado ao Republicanos, para o Planalto.
Internamente, o partido quer adiar uma discussão sobre a participação do governo. Mas os dois líderes, Ciro e Rueda, estão acostumados a conduzir seus partidos com mão de ferro. O estatuto aprovado pelas siglas não traz qualquer veto à participação de membros no atual governo petista. Segundo dirigentes, o tema deve ser, no entanto, discutido em outra oportunidade.
Pelo documento, as escolhas dos candidatos a presidente e vice-presidente da União Progressista serão feitas pela direção nacional da aliança, a partir de indicações de cada partido. Eventual coligação do grupo a outra candidatura também será decidida pela direção, ainda de acordo com o estatuto.







Para completar, o estatuto da federação estabelece que, até o fim de 2025, o comando será compartilhado entre Rueda e Ciro. Além deles, nestes primeiros meses de funcionamento, a “superfederação” também terá em sua direção nacional: ACM Neto; Arthur Lira; Davi Alcolumbre; Ronaldo Caiado; Pedro Lucas Fernandes; Dr. Luizinho; Cláudio Cajado; e Ricardo Barros.
Mas todos sabem quem é que manda. Afinal, o estatuto também estabelece que, entre 2026 e 2029, a presidência será exercida exclusivamente por Antonio de Rueda. Ciro Nogueira ficará com a vice-presidência do grupo.