Integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito do roubo dos aposentados, o senador brasiliense Izalci Lucas anda cada vez mais revoltado com as canetadas do Supremo Tribunal Federal. Nesta segunda-feira, 10, a CPMI ouviu um depoente, Igor Delecrode, que aos 28 anos conseguiu fazer parte do grupo chamado “golden boys”, responsável pelo desvio de R$ 714 milhões.
Ele tem uma empresa de informática e, por incrível que pareça, virou presidente de uma das associações, contratou sua própria empresa e transferiu milhões. No mesmo dia, houve uma transferência de R$ 8,8 milhões e, ainda no mesmo dia, ele repassou os valores para as empresas que são usadas pelos operadores.
O que deixou Izalci indignado foi o habeas corpus obtido por Igor. O senador mesmo conta: “O ministro Gilmar Mendes deu um habeas corpus e fez questão de colocar no texto que o depoente não precisava declarar nada, assinar nada, não pode ser preso, não pode nada, não pode falar nada, vamos dizer assim, e acrescentou o seguinte: não adianta, inclusive, a Comissão, a CPMI aprovar ou colocá-lo como testemunha porque o Congresso Nacional, a CPMI não tem autonomia para definir se ele é testemunha ou se é investigado”.
Em outras palavras, explicou Izalci, “Gilmar fez questão de botar no texto do habeas corpus que o Congresso e nada é a mesma coisa; mais ou menos o resumo do habeas corpus é isso”. Izalci se pergunta até quando o Congresso vai suportar, sem reação nenhuma, as decisões equivocadas do Supremo Tribunal Federal. “Afinal, mesmo as leis que a gente aprova aqui, eles dizem lá que são inconstitucionais, e pronto, e fica por isso mesmo”, completou.
…E vale até para a Papuda
Mas a encrenca entre Congresso e Supremo não fica por aí. A também brasiliense senadora Damares Alves, do Republicanos, chamou Izalci na qualidade de presidente da Comissão de Direitos Humanos, para que ambos fossem visitar a Papuda, para ver as instalações que, a princípio, vão receber o presidente Bolsonaro.
“Isso porque todo mundo sabe que ele já foi condenado e todo mundo sabe que o que o ministro Alexandre de Moraes quer é vê-lo na Papuda, nem que seja para bater a foto”. Izalci conta que foram de uma forma discreta, pois o pedido era para a gente ir lá visitar, questão que é competência do governador. “A gestão penitenciária é do governador, é do estado. Aí”, conta Izalci, “Alexandre ficou sabendo e disse: ‘Não, só podem ir lá com a minha autorização’. E simplesmente cancelamos, porque a gente não conseguiu entrar”.