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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Secretário clemente

Arquivo Geral

29/10/2018 7h00

O governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), definiu seu primeiro secretário de governo. André Clemente, auditor da Receita licenciado, foi escolhido para conduzir a Secretaria de Fazenda. O futuro chefe do Executivo prometeu começar 2019 reduzindo impostos para reaquecer o setor produtivo e diminuindo a inadimplência dos contribuintes.

Tchau, imposto

Clemente afirmou que vai seguir à risca o compromisso. “Todas as cargas tributárias serão revistas. Se vai implicar ou não em renúncia, vai depender da situação de cada imposto. E na primeira oportunidade, IPVA, ITBI e ITCD terão suas alíquotas reduzidas para os mesmos patamares de 2010”, prometeu.

Vencer é ponto de vista

Ibaneis, da coligação Pra Fazer a Diferença (MDB/PP/AVANTE/PSL/PPL), teve uma vitória incontestável. Ontem, ele recebeu 69,79% dos votos válidos contra 30,21% de seu adversário, Rodrigo Rollemberg (PSB), a maior diferença entre adversários de segundo turno da história, superando a acachapante derrota de Weslian Roriz (então no PSC) contra Agnelo Queiroz (PT) em 2010 – vitória do petista por 66,10% a 33,90%. Mesmo assim, foi o candidato à reeleição que teve melhor desempenho no segundo turno. A gente explica.

Frieza dos números

Ao fim do primeiro turno, Ibaneis conquistou uma base sólida de 634.008 votos, o equivalente a 41,97% dos sufrágios válidos, enquanto Rollemberg passou ao segundo turno com 210.510 votos, 13,94% dos válidos. No segundo turno, o emedebista precisava pouco para garantir a vitória, mas conseguiu uma boa progressão para 1.042.574 votos, tendo aumentado a quantidade em 64,4%. Só que o governador em busca da reeleição mais que dobrou seus votos, obtendo 451.329 e saltando 114,3%. Claro que essa sopa de números não quer dizer tanta coisa em face da derrota, mas demonstra um bom trabalho de campanha de ambos os lados.

Marcos

O resultado obtido por Ibaneis ainda guarda alguns marcos, como ser o primeiro governador de Brasília a ter nascido na capital federal e também o primeiro a superar a marca de 1 milhão de votos recebidos na cidade. Como dito, a vitória com 39,58 pontos percentuais de vantagem sobre Rollemberg foi a mais larga vantagem de um vencedor sobre o segundo colocado na história das eleições diretas do DF para o governo, mesmo quando consideramos os pleitos vencidos em primeiro turno. Em 1990, Joaquim Roriz (no PRN à época) venceu sem necessidade de segundo turno com uma diferença de 35,22 pontos percentuais sobre o petista Carlos Saraiva e era o recorde até então.

Bolsoberg e Ibaddad
Por ter declarado apoio a Jair Bolsonaro na reta final do segundo turno, esperava-se que o eleitorado de Bolsonaro no DF fosse inteiro optar pelo emedebista. Só que os números mostram que houve gente que optou por Rollemberg e também pelo candidato do PSL. Deduz-se isso do resultado: Ibaneis recebeu 1,04 milhão de votos enquanto Bolsonaro foi ainda mais bem votado no DF, com 1,08 milhão. Os caminhos pelos quais o eleitor percorre para justificar seus votos são realmente misteriosos.

Aqui não
O DF segue como uma unidade da federação em que apenas um político conseguiu mais de um mandato. O falecido ex-governador Joaquim Roriz foi chefe do Executivo por três vezes, com uma reeleição, na transição de 1998 para 2002 – ele governou a cidade de 1988 a 1990 como governador nomeado, elegeu-se em 1990 e não podia tentar nova candidatura em 1994.

Dificuldade histórica.

Cristovam Buarque, então no PT, não conseguiu se reeleger em 1998, José Roberto Arruda foi preso no último ano de mandato e não pode concorrer à reeleição em 2010, Agnelo sequer conseguiu chegar ao segundo turno em sua tentativa de emplacar um segundo mandato, em 2014, e agora Rollemberg também falha na missão. É dura a vida de quem tem a caneta na mão em Brasília.

Saíram do armário
Candidatos a deputado federal que outrora não haviam revelado seus votos para presidente revelaram seus posicionamentos pelas redes sociais após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL). Celina Leão (PP), que já havia sido procurada pela coluna sobre o assunto e disse não querer divulgar seu posicionamento, iniciou o domingo anunciando votar 17. Paula Belmonte (PPS) também havia ficado em cima do muro, mas, após o resultado confirmado do pleito, repetiu o slogan de campanha de Bolsonaro e postou uma bandeira do Brasil no instagram.

O posicionamento de ambas surpreende pela contrariedade de suas trajetórias e discursos em relação ao candidato que apoiaram. Celina já foi do progressista PDT e da juventude do PSDB, grupo que, nestas eleições, declarou apoio crítico a Fernando Haddad (PT). Belmonte moldou sua candidatura baseada em assuntos que ganharam holofotes como renovação política, mas votou no candidato que completou a terceira década como parlamentar. O discurso de nenhuma delas, envolvendo empreendedorismo feminino e defesa de minorias, indicava voto em Bolsonaro. A política nunca deixa de surpreender.

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