Do nada, o PT ganhou uma cadeira de senador pelo Distrito Federal. Com a licença de Cristovam Buarque, para disputar a candidatura presidencial pelo PPS, assume a vaga o ex-secretário Wilmar Lacerda, primeiro suplente. Na aliança costurada para fortalecer a indicação de Dilma Rousseff, as vagas de senador foras entregues a partidos aliados, mas o PT se reservou as suplências. Um dos suplentes, Hélio José, assumiu a cadeira que foi de Rodrigo Rollemberg, mas já havia deixado o PT. Passou por PSD, PMB, PMDB e está no Pros. Chegou agora a vez de Wilmar Lacerda.
Assessor de si próprio
Wilmar já é o chefe de gabinete da Liderança do PT, a que deu um dinamismo especial. É na liderança e em seus anexos que se instalaram muitos figurões dos governos Lula e Dilma, expelidos após o impeachment. Figuram na lista, entre outros, os ex-ministros Gilberto Carvalho, Carlos Gabas e Eva Chiavon. A brincadeira que se faz é que, com sua posse, Wilmar continuará como chefe informal da liderança, assessorando os 10 senadores da bancada petista. Ele passou a ser o décimo.
Nada muda
Na verdade, dizem os senadores, pouco mudará no plenário. É que, na qualidade de suplente, Wilmar já usa o broche identificador de senador, entra no plenário na hora em que quer, senta-se nas cadeiras reservadas aos senadores e conversa com eles de igual para igual. Só faltava votar. Agora não falta nada.
Não é para já
A substituição não será imediata, embora o prazo seja conhecido: a licença mínima de senador é de 120 dias, exceção feita apenas para quem ocupar cargo de ministro ou secretário. Em princípio, Cristovam se afastará a 1º de dezembro. Wilmar ficará no cargo, portanto, até abril. Caso essas datas se confirmem, claro.
Missão áspera
Cristovam pretende percorrer o País, teoricamente visitando as bases do PPS, para viabilizar uma eventual candidatura presidencial. O objetivo implícito seria sabotar eventual avanço nas conversações com o apresentador de televisão Luciano Huck, que vem sendo instado a se candidatar ao Planalto e que admite negociações com diversos partidos, entre eles o PPS. O cálculo, porém, vai além disso. Afirma-se no PPS que Cristovam – assim como muitos outros presidenciáveis – impressionou-se com a baixa intenção de votos em todos os adversários de Lula nas pesquisas. Permanecendo esse quadro, não seriam necessários tantos votos assim para chegar a um segundo turno.
Há precedentes
A recente história eleitoral do Brasil tem vários precedentes disso. É o caso da prefeitura do Rio de Janeiro, no ano passado, em que sete candidatos disputaram a segunda vaga. Marcelo Freixo, do PSOL, conseguiu passar com apenas 2% dos votos acima do terceiro e 3% acima do quarto. O problema, no caso da eleição presidencial, é que pode surgir um Bolsonaro pela frente.