O senador brasiliense Izalci Lucas chamou na sessão desta quinta-feira a educação brasileira de “o grande teatro do absurdo”.
Izalci se referia aos números mais recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb, “que expõem um espetáculo triste, com resultados que de longe parecem oferecer alguma esperança, mas quando analisados de perto, revelam apenas uma fachada frágil”.
Houve em tese aumento de 0,1 ponto do Ideb, mas para o senador isso não passa de um enfeite patético em um sistema que permanece estagnado, enquanto autoridades tentam vender ao público a ideia de progresso.
No entanto, essa narrativa não passa de um conto de fadas em um país onde a realidade educacional está afundada em problemas estruturais profundos.
“É desconcertante que, mesmo com um pequeno avanço nos anos iniciais do ensino fundamental, onde o Brasil conseguiu a nota 6, as autoridades se permitam comemorar”, avaliou. Essa conquista foi atingida com dois anos de atraso, e o mérito dessa elevação é, na melhor das hipóteses, questionável.
Quanto mais se avança, pior fica
Nos anos finais do ensino fundamental, a situação é mais alarmante, com uma nota de 5, que não só falha em atingir a meta de 5,5, mas também destaca a inércia que domina o setor. No ensino médio, a desesperança é palpável, uma nota de 4,3, um ponto abaixo do esperado.
Izalci se contrariou com as tentativas de associar a queda de desempenho à pandemia de Covid. “A pandemia simplesmente exacerbou falhas que já existiam, revelando um sistema incapaz de se adaptar às necessidades de seus estudantes.
No caso da matemática, a diferença de desempenho entre 2019 e 2023 não é apenas um reflexo da pandemia, mas um sintoma de uma abordagem educacional que falha em desenvolver competências fundamentais”, avaliou o senador.
As taxas de aprovação eventualmente mais altas são facilmente celebradas por aqueles que preferem ignorar o fato de que por trás desses números se esconde um problema muito maior. A aprovação sem aprendizado real é como construir uma casa sobre areia movediça. Eventualmente, tudo desmoronará. Para Izalci, a complacência com o status quo é perigosamente visível.
“Ao invés de fixar metas claras para o futuro, o Ministério da Educação continua a vangloriar pequenas vitórias, enquanto negligencia a necessidade urgente de reformas profundas. A ausência de um plano concreto para a educação, a partir de 2025, é uma prova de que estamos caminhando em círculos, sem direção, sem um objetivo claro. A educação brasileira é um barco à deriva, navegando em águas turvas, enquanto os responsáveis por seu comando discutem qual cor deve ter a bandeira”.