As eleições de 2018 serão as primeiras na história do DF a trazer dois candidatos a cargos majoritários com patentes militares na urna. São eles: general Paulo Chagas (PRP, foto), militar reformado candidato ao Buriti, e o brigadeiro Átila Maia (PRTB), membro das Forças Armadas postulante ao Senado. O número aumenta se considerarmos o Major Fernando Passos (SD), segundo suplente do candidato a senador Fernando Marques (SD), pertencente à chapa encabeçada por Rogério Rosso (PSD). No caso de Passos, apesar da patente no nome, ele se cadastrou junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tendo como ocupação Servidor Público Estadual.
Patentes pulverizadas
Conforme levantamento da coluna junto ao repositório de dados eleitorais do TSE, dos 1.237 candidatos a todos os cargos registrados para o pleito de 2018, 27 ostentam patentes militares nos nomes para a urna eletrônica. A predominância é de sargentos, com 12 representantes, seguido por major, com seis. Há ainda dois coroneis e um cabo. Tenente, subtenente, general e brigadeiro aparecem apenas uma vez. Ainda existem casos como o do candidato a deputado distrital Pastor Jorge Bombeiro (PR), que é militar mas ostenta apenas a profissão no nome de urna. Isso não se aplica ao candidato a distrital Chico Bombeiro (SD), que é bombeiro civil.
Por fora
Esse número não reproduz a quantidade de militares que tentam conquistar cargos eletivos, é bom lembrar, mas apenas os que divulgam suas funções como estratégia eleitoral. O policial militar Lusimar Torres Arruda, cujo nome de urna é Jabá (PTC), por exemplo, é um dos postulantes à Câmara Legislativa este ano sem qualquer indicativo de sua profissão. Dos 27 nomes que apresentam patentes militares, apenas quatro declararam ser membros das Forças Armadas, mas a instituição já informou que, no DF, 14 integrantes se licenciaram do serviço para registrar candidaturas no TSE. Conclui-se, portanto, que os outros 10 preferiram ir à disputa com apresentação civil.
Ambições em ascensão
Nacionalmente, há um movimento de crescimento da quantidade de integrantes das forças de segurança com atuação política. No DF, o movimento é no sentido de aumento das ambições, não na quantidade de postulantes. Os 27 militares que deixaram claras suas ocupações logo no nome de urna representam a menor quantidade de sargentos, majores, cabos e afins ostentando suas patentes desde 2010. Naquele ano, 28 militares colocaram nas urnas nomes como Soldado Auricélio (PHS), SGT Gameleira (PDT) e Gabriel da Polícia Militar (PSDC). Só que eles só ocuparam as candidaturas para as Câmaras Legislativa e Federal, enquanto em 2018 existem dois militares tentando o Senado e outro o próprio Governo de Brasília. Em 2014 foi o recorde de militares escancarando sua profissão nos nomes eleitorais, com 31 representantes. Novamente, apenas candidaturas para deputado distrital ou federal. Vale ressalvar que em 2014, no entanto, o bombeiro militar Wander Sobrinho (PSDC) tentou ser primeiro suplente de senador, mas sem qualquer indicação à sua profissão nas urnas.
Assédio trans
A primeira candidata trans à Câmara Legislativa do DF, Paula Bennet (PSB), já havia sofrido um duro golpe político ao ser preterida para a disputa pela Câmara dos Deputados em virtude dos arranjos políticos de sua coligação. Ontem, ela publicou em sua página pessoal no Facebook imagens de uma conversa com um usuário que a assediou sob o pretexto de votar nela. Conforme as imagens, Bernardo Silva, cujo avatar é a foto de um lobo, pediu para transar com a candidata e prometeu, em troca, votar nela. “Caráter e a dignidade não se vende, pode votar em outra pessoa”, respondeu Paula. A coluna não conseguiu contato com a candidata a distrital e nem localizou o perfil do assediador.
Museu ou igreja?
O Museu da Educação foi um projeto idealizado há quase dez anos que surgiria a partir da revitalização da primeira escola do DF, Júlia Kubitschek, na Candangolândia. Nos últimos anos, vários deputados distritais de duas legislaturas diferentes destinaram dinheiro de emendas parlamentares para erguer a instituição, mas a maioria remanejou a verba posteriormente por falta de andamento do processo. Assim, o museu estagnou e parece distante de um dia sair do papel, apesar das promessas referentes a ele em audiências públicas com educadores nos últimos anos.
Fase Final
A Secretaria de Educação afirmou que “desenvolve pesquisas e materiais para a constituição do acervo do Museu” e jogou a responsabilidade pela reconstrução da escola Júlia Kubitschek no colo da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). A Novacap, por sua vez, não respondeu às demandas sobre o andamento do processo e tudo fica por isso mesmo. Com tanto atraso, a pasta de Educação tem tempo de desenvolver umas pesquisas realmente boas e robustas para ocupar o espaço. Oremos.
Sinpol toma lado
Não é surpresa alguma que o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) apoia a candidatura de Rogério Rosso (PSD, foto) ao Governo de Brasília. A novidade é que a preferência deixou de ser velada, ao menos institucionalmente, e passou a ser escancarada. Como se as claques em frente à sede da PCDF, próxima ao Parque da Cidade, em horários de pico, já não denunciassem a preferência dos sindicalistas. Rosso tem acenado bastante para a categoria de policiais civis, especialmente por conta da sua proposta de conceder a paridade salarial entre PCDF e a Polícia Federal.
Trunfo de Pedrosa
Apesar da preferência por Rosso da categoria, o policial civil com mais chances de efetivamente assumir um cargo eletivo, delegado Fernando Fernandes, pertence ao partido da concorrente Eliana Pedrosa (PROS). Então no PRTB, Fernandes recebeu mais de 12 mil votos em 2014, mais do que os eleitos Luzia de Paula (7 mil), Raimundo Ribeiro (10 mil), Telma Rufino (11 mil) e Wellington Luiz (10 mil). Nestas eleições, outros cinco delegados disputam cargos, quatro deles também para deputado distrial.
Ficou feio
Líder do PT, o senador Humberto Costa veio a Brasília só para acusar o ex-ministro Mendonça Filho de ser o responsável pelo incêndio do Museu Nacional. Disse que ele, como oposicionista, atrapalhou o governo Dilma e depois, como ministro, manteve a escassez de recursos para a área. Só não disse que os dois disputam uma mesma vaga no Senado, nas eleições deste ano. Candidato à reeleição, Humberto Costa mal consegue acompanhar Mendonça Filho nas pesquisas.
Brasília é um caso à parte
Conforme pesquisas preliminares, Jair Bolsonaro é o preferido do eleitorado brasiliense na disputa pela Presidência da República, o que evidencia o bizarro comportamento do voto no DF. Em 2002, Brasília deu mais votos a José Serra (PSDB) do que a Luis Inácio Lula da Silva (PT). Em 2010, a lógica se inverteu e o petista foi o campeão de votos na capital. Quatro anos depois, foi Marina Silva (então no PSB) que recebeu a preferência dos eleitores candangos. A falta de previsibilidade é um dos trunfos a serem explorados por qualquer presidenciável por aqui.