Candidato da coligação PT-PV-PcdoB a governador há dois anos, o ex-distrital Leandro Grass avaliou que a esquerda precisa aprender com o resultado de hoje, ou seja, das eleições municipais para não repeti-lo amanhã.
“Quem não aprender a falar a língua do povo está fadado ao desaparecimento político”. Há um problema adicional, segundo ele, nas cidades com até 100 mil habitantes, a relevância individual do candidato aumenta, a força da máquina pública, a destinação de emendas parlamentares e do poder econômico ganham ainda mais relevância e as composições partidárias são mais flexíveis, a ponto de vermos partidos de esquerda e até de extrema direita juntos em torno de projetos pessoais. No entanto, o problema vai mais além.
“A persistência da fome, de uma desigualdade brutal e da exclusão de uma parcela significativa da população de direitos fundamentais, somada ao uso do poder para benefícios pessoais, ao sentimento de frustração e à ausência de uma educação política, produzem aversão de boa parte da população ao que denominamos ‘político'”, diz Grass, que hoje é presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Os partidos e lideranças da extrema direita seguem trabalhando fundamentalmente com mensagens e ideias de fácil compreensão ao eleitor, como Deus, família e temas morais, utilizando sentimentos como o medo e o ódio para atrair voto. Isso representa um grande desafio para democratas e progressistas, que muitas vezes falam difícil e estão mais preocupados com métodos e teses. Vem daí a advertência final de Grass:
“Quem não aprender a falar a língua do povo está fadado ao desaparecimento político. Mais ainda, é preciso reconhecer que o voto não é uma escolha meramente racional, mas fundamentalmente emocional. Precisamos associar as emoções às causas sociais de interesse coletivo”.