O governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) prometeu, durante sua campanha rumo ao Buriti, acabar com o Instituto Hospital de Base (IHB). Ontem, contudo, preferiu mudar o tom ao tratar do assunto. “Se nós tivermos instrumentos de transparência, que hoje está detectado que não existem, para que as contratações e as compras sejam feitas, eu não tenho problema com o modelo em si”, ponderou.
Translúcido
A palavra mais repetida por Ibaneis ao comentar o assunto foi transparência. Ele se mostrou preocupado com a possibilidade de ser responsabilizado por compras sem o rito de licitação, que, atualmente, agilizam a aquisição de medicamentos pelo Instituto. “Eu quero que seja feito de forma bastante transparente, seguindo toda a legislação. Porque eu não vou ficar para ser acusado de ter comprado sem licitação”, resguardou-se.
Raio-X
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde-DF) soltou um mini raio-x, em seu site oficial, para explicitar sua versão da realidade do setor no momento. Segundo a publicação, dentre os problemas estão as remunerações atrasadas por horas extras e por Trabalho em Período Definido (TPD) de menos 4 mil servidores “todos os meses”. Conforme a entidade, estar em dia com esses compromissos significa gastos na ordem de R$ 5 milhões mensais.
E a lista segue
Esse problema seria apenas a pontinha do iceberg. O texto prossegue elencando problemas como “servidores superendividados com o BRB (Banco de Brasília)”, “plantonistas sem refeição” e “equipes incompletas e desvalorizadas”. Os apontamentos mais graves indicam necessidade de subsídios de R$ 1,2 bilhão ao ano e de R$ 270 milhões. O primeiro valor se refere a Gratificação de Atividade Técnico-Administrativa (GATA) e terceira parcela do reajuste às carreiras da Secretaria. O segundo valor ao pagamento de pecúnias a 2 mil servidores.
Pepino em conserva
A cereja nesse bolo de terra são os 40 mil profissionais afastados por problemas de saúde e doença entre 2015 e 2017, de acordo com o levantamento do SindSaúde, e os 529 servidores da Saúde afastados em 2017 por transtornos mentais. A própria entidade alerta que tudo isso é apenas o começo. Na gestão Rollemberg, os embates com o SindSaúde e outras categorias similares desgastaram muito a imagem do chefe do Executivo e ainda culminaram em CPI na Câmara Legislativa. O novo secretário de Saúde já pode preparar o calmante e a aspirina.
Ponto futuro
O senador eleito Izalci Lucas (PSDB), ainda em exercício de seu mandato como deputado federal, recebeu recomendações das bancadas evangélica e da ciência e tecnologia para assumir o Ministério da Educação do governo de transição de Jair Bolsoaro (PSL). Mesmo assim, o presidente eleito se mostrou inclinado a nomear Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna. O episódio representou uma mini-crise entre a base aliada de Bolsonaro, especialmente entre os religiosos, por quererem no cargo alguém mais apaixonado por projetos com o Escola Sem Partido.
Se vier, é lucro
Izalci, cuja intenção inicial de concorrer ao Governo de Brasília foi frustrada pela Executiva Nacional de seu partido e pela agenda de Rogério Rosso (PSD) e Cristovam Buarque (PPS), parece bem disposto a deixar o mandato para virar ministro. “Maior desafio do Brasil é a educação. Economia é fichinha perto disso, e eu não corro de desafio . Se tiver que encarar, vamos encarar. Depende se houver autonomia”, condiciona. Se esse cenário acontecer, quem assume é seu suplente Luis Felipe Belmonte (PSDB).
Vem comigo
Em meio às especulações sobre virar ministro ou não, Izalci também afirmou que, no âmbito local, nem ele nem o diretório regional tucano foram procurados pelo governador eleito Ibaneis até o momento. “Sempre declarei que queria ajudá-lo, mas as pessoas, para serem ajudadas, precisam demonstrar interesse”, lançou a indireta. Segundo ele, sequer houve sondagem.