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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Ibaneis combina com Alckmin reação à sobretaxa

Governadores querem dialogar com governo federal antes da vigência da tarifa americana

Eduardo Brito

28/07/2025 18h41

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Renato Alves/Agência Brasília

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, pediu ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que fosse feita uma reunião com todos os governadores para tratar do tarifaço dos Estados Unidos.

Embora não tenha data definida, o encontro deve ocorrer antes do dia 1º de agosto, quando entra em vigor a sanção americana.

A convocação do Fórum Nacional de Governadores será feita pelo próprio Ibaneis, que responde pela coordenação do grupo, e será feita em caráter extraordinário.

O objetivo é que o encontro reúna representantes dos 26 estados e do Distrito Federal, além do governo federal, antes da vigência da sobretaxa de 50% imposta pelo governo Trump.

Na manhã desta segunda-feira (28), o governador esteve na vice-presidência com Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, para convidá-lo a participar do encontro.

O convite se estende ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

“Todos os governadores estão muito preocupados. Uns perdem mais, outros menos, mas acho que nós temos condições de fazer um diálogo unindo toda a classe política brasileira em torno desse que é um problema nacional”, afirmou.

“Ele [Geraldo Alckmin] recebeu muito bem o nosso convite, e nossas assessorias ficaram de marcar a data para que eu possa comunicar os governadores, para que a gente faça esse fórum aqui debatendo esse tema que vai atingir muito a população brasileira, não só na parte das exportações, mas também na produção”, prosseguiu o governador.

A expectativa é de que a reunião ocorra antes de a medida entrar em vigor. Já existe disposição de governadores tanto situacionistas quanto oposicionistas para participar da visita.


Comitiva deve acompanhar o vice

A ideia é que, durante o Fórum de Governadores, seja montada uma comitiva que possa acompanhar Geraldo Alckmin nas tratativas em Washington, nos EUA.

Já está nos Estados Unidos uma comissão de senadores com esse objetivo, mas seus contatos se limitaram mais aos escalões médios do governo.

“A ideia principal é que ocorra a reunião e que a gente tire uma comissão dentro dos governadores para acompanhar o governo federal, o vice-presidente e os negociadores, mostrando a unidade, porque quem mais vai perder com isso é exatamente a população mais carente, que perde emprego, renda e salário. A ideia é exatamente trabalhar com os governadores para que a gente possa ajudar na solução desse grande problema”, completou Ibaneis Rocha.


Empresas de Brasília também são atingidas

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Glaucya Braga/Sistema Fibra

Embora a repercussão seja maior em estados de maior indústria e de peso agropecuário, as medidas tarifárias de Donald Trump que entram em vigor na próxima sexta-feira atingem diretamente setores estratégicos da indústria do Distrito Federal.

O presidente da Federação das Indústrias do DF (Fibra), Jamal Jorge Bittar, alerta para os impactos da tarifa.

Ele declarou ao JBr que, em 2024, o DF exportou cerca de US$ 7,8 milhões para o mercado dos Estados Unidos – quase o dobro de 2021.

Entre os setores mais sensíveis à medida estão alimentos e bebidas, óleos não alimentícios, vestuário e derivados de petróleo, com destaque para itens como pães, farinhas e roupas.

No ano passado, 102 empresas brasilienses realizaram exportações, e os EUA aparecem como o sétimo principal destino, atrás apenas de países como China e Japão.

Segundo Jamal, a sobretaxa pode elevar os preços dos produtos brasileiros, reduzir a competitividade e levar à retração de contratos.

“É uma situação sem precedentes, que está forçando fornecedores e compradores a recalcularem rotas e custos”, afirma Jamal Bittar.


Derivados de milho e açaí entre os mais atingidos

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Reprodução/Instagram/@romulopl

Entre os empresários afetados está o brasiliense Rômulo Lopes, CEO do Pamonha Pura, em Taguatinga – que exporta produtos congelados derivados do milho –, e da Amazzon Easy, distribuidora de açaí sediada em Águas Claras – ambas com operações regulares de exportação para os EUA desde 2015 e 2020, respectivamente.

Ao Jornal de Brasília, Rômulo relata que os efeitos do tarifaço já começaram a ser sentidos.

“Nosso comprador nos Estados Unidos sinalizou que, com essa taxação, o negócio se torna inviável. Tivemos que produzir em uma semana e meia o que estava previsto para quatro só para embarcar o último lote antes da medida entrar em vigor”, explica.

Segundo ele, o aumento dos preços poderá afastar o consumidor do chamado mercado da saudade – aquele cujos produtos comercializados remetem ao local de origem do comprador –, levando-o a optar por produtos locais, mesmo que sem o mesmo valor afetivo.

Diante da incerteza, uma das alternativas estudadas é a abertura de uma filial nos Estados Unidos, o que poderia garantir isenção da nova tarifa, conforme sinalizado pela campanha de Trump.

“Mas ainda é tudo muito especulativo. Estamos conversando com outras empresas do setor e todos estão aguardando os próximos desdobramentos para tomar decisões mais concretas”, afirma.

Mercados como os da América Latina, Oriente Médio e África já vêm sendo mapeados como alternativas viáveis aos EUA diante do tarifaço de 50%.

Paralelamente, a entidade atua com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outras federações estaduais que estão em articulação com o governo federal e com entidades empresariais para mitigar os danos e buscar soluções antes do fim deste mês.

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