Menu
Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

General revela conversa com Lula após invasões

“Isso seria uma tragédia”, assentiu o presidente. Decidiu-se então isolar o acampamento e retirar os ocupantes, presos, na manhã seguinte

Eduardo Brito

18/05/2023 23h48

Foto: EVARISTO SA / AFP

Em depoimento nesta quinta-feira, 18, à CPI dos atos antidemocráticos da Câmara Legislativa, o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto, revelou que na noite de 8 de janeiro, após a invasão das sedes dos Poderes, conversou com o próprio presidente Lula, que queria prender imediatamente todos os acampados diante do Quartel General do Exército, pois foi de lá que partiram os agressores.

O general ponderou a Lula que até aquele momento tinham ocorrido apenas danos materiais, mas que se houvesse operação de retirada dos acampados poderia até correr sangue, devido às condições do espaço e ao risco de resistência, embora os militantes não tivessem armas de fogo. Afinal, nem iluminação compatível existia na área.

“Isso seria uma tragédia”, assentiu o presidente. Decidiu-se então isolar o acampamento e retirar os ocupantes, presos, na manhã seguinte. Todas as decisões, após as instruções de Lula foram decididas em composições entre os ministros da Justiça, Flávio Dino, da Defesa, José Múcio Monteiro, e da Casa Civil, Rui Costa, que seguiram para o comando militar onde já estavam o general Dutra, o interventor da segurança do DF, Ricardo Cappelli, e o então comandante da Polícia Militar, coronel Fábio Vieira.

Na manhã seguinte chegaram os ônibus e a PM. O general fez questão de revelar que “ninguém entrou naqueles ônibus sem saber para onde iria, pois foi avisado que iriam para a Polícia Federal, que passariam por uma triagem, que ali seria verificado o que cada um fez e ninguém entrou sem saber para onde estava indo”.

Força do Poder Civil

O presidente da CPI, deputado Chico Vigilante, avaliou que houve um sentido especial no depoimento. “Houve uma importância simbólica: o Poder Civil está definitivamente estabelecido no País”, mostrou.

Afinal, disse Chico Vigilante, “lá estava um general da ativa, comandante de tropa, comparecendo à CPI, instituição parlamentar, e respondendo às questões”. Para o presidente da comissão, o depoimento serviu também para pôr ordem no que vinha sendo um jogo de empurra.

“Todo mundo estava querendo jogar toda a responsabilidade para o Exército, mas agora sabemos que não foi bem assim”, explicou. O distrital se referia a uma explicação do general Dutra.

“A área é de servidão militar, que está próxima dos quartéis. Tem jurisdição do GDF e responsabilidade administrativa do Exército. Quando as atividades ali desempenhadas atrapalham o dia a dia do quartel, o exército tem autorização para intervir. Quando não acontece isso, não é atribuição do Exército”, afirmou Dutra.

Ele acrescentou que em outras cidades do Brasil, em que houve ordem judicial para desmontar o acampamento, ele foi desmontado, mas em Brasília nenhuma instituição deu ordem judicial para desmontar. Em função disso, o ex-comandante negou que tenha impedido ou que o exército tenha evitado desmonte ou desocupação do acampamento que se estabeleceu em frente ao Quartel General.

Coronel Cid deverá depor

A Comissão Parlamentar de Inquérito também aprovou nesta quinta-feira, 18, requerimento para convocar o coronel Mauro Cid, que foi Ajudante de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro e está preso desde o dia 3 de maio. O coronel deverá prestar esclarecimentos sobre os fatos ocorridos nos dias 12 de dezembro e 8 de janeiro.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado