A primeira e até agora única federação partidária surgida no novo regime eleitoral já sofre forte contestação interna. Integrante da executiva nacional do Cidadania, que aprovou a associação com o PSDB, o ex-senador brasiliense Cristovam Buarque, acha que seu partido jogou fora a oportunidade de se consolidar como opção política. Para ele, o Cidadania tinha toda a possibilidade de se posicionar como uma alternativa progressista, como uma esquerda nova, com civilidade social, responsabilidade fiscal e responsabilidade ecológica – ou seja, não estaria nem na direita, nem na esquerda tradicional. A federação com os tucanos não permitirá nada disso. Ao contrário, diz o ex-senador e ex-governador do Distrito Federal, “afastará ainda mais os jovens de nós, ao contrário do que seria possível”. Cristovam, como parte do diretório brasiliense do Cidadania, votou contra as três opções de federação, com PSDB, PDT e Podemos.
Sobrevivência em risco
Apresentada em geral como tábua de salvação para os partidos menores, em dificuldades para superar a cláusula de barreira, a federação nem isso pode garantir no caso do Cidadania, pensa Cristovam. Ele revela que até agora ninguém sabe se facilitará, ou não, ultrapassar as exigências da cláusula de barreira. Pode ser que permita fazer mais deputados, mas também pode ser o contrário. De qualquer forma, garante o ex-senador, “deve-se distinguir entre a cláusula de barreira eleitoral, o número de cadeiras a obter, e a cláusula de barreira política, que seria consolidar o partido e fidelizar a juventude, esta sim, sem dúvida prejudicada”.
Futuro
Cristovam avisa que o Cidadania corre ainda o sério risco de perder a senadora Leila Barros, também brasiliense, diante da federação. Ainda não está claro qual o destino de Leila, insatisfeita com esse quadro, assim como o do próprio Cristovam. “Há uma diferença aí, porque a Leila é candidata este ano e eu não me sinto como candidato”, explica, apesar das possibilidades de que venha a disputar uma cadeira de deputado federal.
Superchapa
O PP está organizando o que poderá ser uma superchapa para a disputa das vagas na Câmara dos Deputados. Além da reeleição de Celina Leão, sua única parlamentar federal, seriam candidatos três ex-deputados federais: o ex-governador Rogério Rosso, o pastor Ronaldo Fonseca e o ex-presidente do partido Rôney Nemer. Todos eles são experimentados nas urnas. Rosso foi suplente de deputado, governador por um mandato-tampão, e deputado federal campeão de votos. Ronaldo Fonseca puxou o voto evangélico nos dois mandatos que esteve e chegou a ser ministro-chefe da Secretaria de Governo de Michel Temer. Rôney Nemer, após vários mandatos de distrital, elegeu-se federal. Precisa ainda resolver questões legais, mas está em plena campanha.
PTB quer Ericka
O PTB correu e está perto de filiar a secretária da Mulher, Ericka Filippelli, que deixou o MDB e tentará novamente eleger-se deputada distrital.
Ocupações de áreas públicas
Os efeitos da aprovação de projeto de lei complementar que regulamenta as ocupações de áreas públicas no comércio do DF foram debatidos entre a distrital Julia Lucy, o presidente do Sindivarejista, Edson de Castro, e o vice-presidente Sebastião Abritta. A deputada calculou que, aprovada, a matéria disciplinará os procedimentos de aprovação de projetos para a ocupação de 2.134 imóveis na Asa Sul. “De fato, o tema interessa ao setor produtivo que gera empregos e renda”, disse Castro.
Candidaturas à vista
Eleição chegando, e o governador Ibaneis Rocha mostra cada vez mais que é candidato à reeleição. A agenda deste final de semana foi concentrada em Sobradinho. Depois de um ato de governo – ordem de serviço para pavimentação da DF 440 – o governador prestigiou um evento do subsecretário de Mobiliário Urbano, Alexandre Yanez. Morador de Sobradinho, Yanez é pré-candidato a distrital no grupo do governador, mas ainda não definiu por qual partido. Além da base em Sobradinho, aposta no trabalho que está fazendo junto a feirantes e quiosqueiros, foco principal de sua subsecretaria.
Com a Igreja
Em plena campanha, o ex-vice-governador Tadeu Filippelli voltou a apostar no voto católico. Tem circulado de forma intensa pelas igrejas brasilienses. Compareceu, por exemplo, à posse dos novos pároco e vigário da Paróquia Santa Clara e São Francisco de Assis, no Jardim Botânico. Aos domingos, comparece sempre a missas, aliás um hábito seu, fazendo questão de aparecer em fotos com eclesiásticos e com fiéis.
Mistério nem tão misterioso
Tem muita gente intrigada com a motivação da Câmara dos Deputados para aprovar de repente a proposta de emenda constitucional que aumenta de 65 para 70 anos a idade máxima dos nomeados aos cargos de juízes e ministros de tribunais regionais federais e de tribunais superiores. A proposta segue para o Senado. Como mudanças legislativas não andam à toa, pergunta-se quem será que estão querendo atender com a votação dessa PEC. Para chegar a essa resposta, basta checar a idade média dos advogados garantistas que fazem parte de movimentos de combate à Operação Lava Jato e outras iniciativas do gênero. Os mais importantes deles, aqueles que se jactam de ter acesso a maçanetas de gente de peso, estão nessa faixa de idade ou chegando a ela. Resta ver quais deles estão na lista, pois tem garantista de toda idade. E há os garantistas de Lula, como há os garantistas de Bolsonaro e de quem mais for.
Apoios generalizados
O texto aprovado em Plenário é o substitutivo do relator Acácio Favacho, um obscuro deputado do Pros do Amapá. A provada por larga maioria pelos deputados, o texto teve, no primeiro turno, a votação de 439 favoráveis e 15 contrários e, em segundo turno, 416 votos favoráveis e 14 contrários. Para viabilizar a análise no mesmo dia, parlamentares aprovaram requerimentos para dispensar prazos regimentais entre as votações. Basta olhar a lista de votantes para perceber que houve apoio de petistas, de bolsonaristas e, claro, do Centrão. “Nenhum partido apresentou emendas e todos votaram por unanimidade na comissão especial, por isso justifica-se a quebra do prazo para votação no Plenário”, disse o relator Favacho. De acordo com o texto, a mudança atinge os indicados às seguintes cortes: STF, STJ, TRFs, TST, TRTs, TCU e ministros civis do STM.
Pode beijar
O Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região anulou a dispensa por justa causa aplicada por uma empresa de ônibus urbanos a funcionário que cumprimentou colega com um abraço e beijo no rosto. A relatora, desembargadora Camilla Guimarães Pereira Zeidler, afirmou que o ato não caracteriza falta grave o suficiente para romper a confiança necessária à relação de emprego e, dessa forma, não autoriza a dispensa por justa causa, que é a pena máxima que o empregador aplica ao empregado. A decisão foi referendada pelo tribunal. O demitido era despachante da empresa e lá trabalhou por 18 anos. A transportadora apresentou vídeo mostrando que, durante o expediente, ele deu abraço e beijo no rosto de uma cobradora, o que demonstraria que o empregado teve conduta sexual inadequada e se relacionou amorosamente com a colega no ambiente de trabalho. A desembargadora, porém, afirmou que a prova da falta grave deve ser clara e incontestável, o que não ocorreu. As imagens demonstrariam que nada aconteceu de grave, assim como depoimentos de testemunhas. Não daria para provar sequer o relacionamento amoroso dentro do ambiente de trabalho, alegados pela empresa.