O assassinato do delegado aposentado Ruy Ferraz Fontes levou o deputado brasiliense Alberto Fraga, do PL, a refazer suas contas. Da tribuna, revelou nesta terça-feira, 16, que “eu sou do tempo em que só existiam duas facções criminosas: o PCC e o Comando Vermelho. Hoje, são 88 facções criminosas!”.
É por isso que, para o deputado, “o País está de cócoras para o crime organizado, pois a gente vem denunciando aqui constantemente que o Governo Federal não adota uma medida sequer para combater o crime organizado”.
Pouco antes, na Comissão Especial de Segurança Pública da Câmara, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, estava presente, e Fraga o desafiou: “Me diga um artigo dessa PEC, dessa emenda constitucional da segurança, que tenha algo para combater o crime organizado.”
Não há absolutamente nada. Justamente por isso, Fraga lembrou que o assassinato brutal do ex-delegado, que foi diretor-geral da Polícia Civil, se deve em grande parte ao fato de que ele foi o pioneiro, o primeiro a pedir ao Poder Judiciário que os líderes de facções fossem para o RDD — Regime Disciplinar Diferenciado, em que o preso cumpre a sua pena nos presídios federais.
Há uma explicação óbvia para isso. Fraga mostrou que, nos presídios federais, não há visita íntima, não há contato físico, o advogado tem que falar com o preso através de um vidro, e há um isolamento satisfatório. Por isso, os presos não querem ir para lá.
“Aí eu digo: falta coragem ao Poder Judiciário para determinar a aplicação do RDD, que depende de um juiz. Esse delegado foi assassinado exatamente porque teve a coragem de pedir que os juízes aplicassem o RDD aos líderes de facções criminosas.”
É por isso que, para Fraga, “amanhã, o crime organizado vai continuar matando. Agora, quando começarem a matar ministros, talvez a coisa mude, porque matar policial no Brasil virou balela. Ninguém dá valor à vida do policial”.
Fraga concluiu afirmando que “a partir do momento que o crime organizado começar a dar ordens para matar juízes, promotores, Ministros, talvez esta Casa crie coragem para votar a matéria que deve mesmo ser votada”.