Hoje restrito ao Avante, partido para lá de nanico, o ex-governador José Roberto Arruda está conseguindo aprofundar entendimentos com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que já havia expedido um alerta para seus aliados em Brasília, inclusive o governador Ibaneis Rocha. Foi a essa altura que Ibaneis acelerou o entendimento com o presidente regional do partido, o ex-senador Paulo Octávio. Na eleição passada, Paulo Octávio concorreu com Ibaneis, mas conduziu uma campanha amena, sem ataques pessoais. Todos sabiam que a prioridade de Paulo Octávio era eleger deputado federal seu filho André Kubitschek, mas o partido não atingiu o quociente eleitoral. Kassab avisou lealmente Paulo Octávio que Arruda estava pressionando para obter o PSD como legenda para disputar o Buriti.
Secretaria é só elemento a mais
Dentro dessas conversas, o governador Ibaneis Rocha incorporou o PSD a seu governo, nomeando André Kubitschek para a recém-criada Secretaria da Juventude, até para proporcionar uma plataforma política ao herdeiro do nome Kubitschek, que ainda não contava com realizações populares a mostrar. André lançou-se em uma série de atividades inteligentes, destacando-se o esforço para mostrar aos jovens noções de formação econômica e ganhando uma bagagem que o credencia a nova candidatura, desta vez a distrital.
Um reforço de muito peso
Enquanto isso, o PSD crescia cada vez mais, tornando-se, na eleição municipal passada, o partido com maior número de prefeituras do País. Mantendo sua tradição de não ser nem um partido de direita, nem de esquerda, mas sempre sob a mão de ferro do fundador, o ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, passou a apostar não só no aumento de sua bancada parlamentar – tem hoje também o maior número de senadores – mas também de governadores. Foi assim que acertou o ingresso de Arruda, mesmo mantendo o ex-senador Paulo Octávio como presidente regional.
Data marcada para o ingresso
Com isso, José Roberto Arruda ingressará no PSD, em festa marcada para 15 de dezembro, uma segunda-feira, com pompa e circunstância. Paulo Octávio, que sempre manteve boas relações com o antigo companheiro de chapa, mas desejava Arruda como candidato a deputado-federal, não poderá estar presente. Paulo Octávio, inclusive, mantém o apoio prometido à vice Celina Leão. Mas o PSD, com o fortíssimo respaldo de Gilberto Kassab, garantirá a Arruda tudo o que ele precisa para vitaminar sua candidatura: estrutura partidária, tempo de rádio e televisão, fundo partidário e, principalmente, conexões políticas.
Dúvidas sobre a candidatura
É do conhecimento geral, porém, que o registro da candidatura de Arruda poderá ser contestado na Justiça Eleitoral e muitos adversários apostam nisso. A legislação foi revista de forma a restabelecer seus direitos políticos, barrados mediante muitas manobras judiciais, por 15 anos. A nova lei limita tudo a oito anos. Um veto aplicado por Lula, porém, pode abrir caminho a novas ações judiciais e há quem aposte nisso.
Reforço na chapa proporcional
Tudo isso, de qualquer forma, reforça também a chapa proporcional. O veterano deputado Alberto Fraga (foto), bolsonarista hoje no PL, pode muito bem filiar-se ao PSD. Além de perspectiva de boa votação, conseguirá reforços e pouca dificuldade de atingir o quociente eleitoral. Tudo isso virou um jogo duro.
