O distrital Rogério Morro da Cruz, que tem base eleitoral em São Sebastião, deixará o PRD, partido nanico que tem nele seu único representante no Distrito Federal. Morro da Cruz avisou que sua permanência no partido se tornou insustentável, pois o PRD deixou a base política do governador Ibaneis Rocha – e, por tabela, a candidatura da vice Celina Leão ao Buriti – para se integrar à campanha do ex-governador José Roberto Arruda.
Aliado histórico de Ibaneis e Celina (com ele na foto), Morro da Cruz avalia a que partido se filiará. O MDB de Ibaneis é uma opção, mas a legenda já está congestionada de candidatos. O mais provável é que o distrital se integre a um partido menor, onde se tornará ele próprio o puxador de votos. Rogério Morro da Cruz será seguido por seu grupo político.
Herdeiro, quem diria, do antigo PTB
Criado oficialmente em novembro de 2023, o PRD, Partido da Renovação Democrática, tornou-se o 29º partido político brasileiro. Hoje, somam nada menos do que 30. Mas o PRD tem um histórico. Descende diretamente do PTB, criado logo depois da redemocratização do País, em 1945, e que se tornou um dos três grandes partidos brasileiros, abrigando o ex-ditador Getúlio Vargas, o futuro presidente João Goulart, deposto pelos militares, e jovens líderes de tendência mais à esquerda, como Leonel Brizola, Almino Afonso e Rubens Paiva.
De início, era um agregador dos sindicatos getulistas, mas foi se inclinando para a esquerda, tanto que se tornou um dos principais alvos do regime instalado após o golpe de 1964. Com a nova redemocratização, deveria ser herdado por Leonel Brizola, mas uma canetada da Justiça Eleitoral entregou-o a rivais do ex-governador, que fundou então o PDT, hoje na base do presidente Lula. O PTB deteriorou-se aos poucos, caiu nas mãos de Roberto Jefferson e, na eleição de 2022, sequer atingiu o quociente eleitoral. Desmanchado, viu alguns de seus remanescentes criarem o tal PRD, que recebeu a adesão de cinco deputados federais e um distrital, justamente Morro da Cruz, eleito por outra microlegenda em vias de extinção, o PMN. Agora, não terá nem isso.
Partidos com Arruda
Ao retornar ao jogo eleitoral, após recuperar os direitos políticos, o ex-governador José Roberto Arruda estava no PL bolsonarista, mas percebeu que não poderia contar com a lealdade estrita da nova legenda. Foi então para o Avante, outro partido nanico que, na encarnação anterior, fora o PTdoB.
Tentando ampliar sua frente, Arruda conseguiu agregar remanescentes do PL, como o atual deputado Alberto Fraga, o tal PRD e chegou, enfim, ao que hoje é sua principal base de apoio, o PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab.