A deputada brasiliense Bia Kicis decidiu dar uma aula de Direito Processual ao ministro Alexandre de Moraes, depois que ele cobrou ao PL bolsonarista que incluísse o primeiro turno em seu pedido para anular urnas eletrônicas. Bia mandou um recado ao ministro.
“Só pra deixar uma coisinha clara. Quem decide o que quer pedir ao juiz é a parte e não o juiz. Ao juiz cabe analisar o pedido e seus fundamentos, que no caso são técnicos e não retórica jurídica”, disparou.
Para ela, Alexandre não está ligando para as normas mais básicas do processo, ao que parece. Bia até sobe a aposta: “por outro lado, queremos transparência nas eleições mesmo que isso custe o mandato dos já eleitos”.
Traduzindo: a deputada sacrificaria as bancadas conquistadas para o PL, se com isso abrisse caminho para anular votos de Lula. Mas fica o problema da lógica. Se as urnas estão viciadas, como anular um turno e nem examinar o outro? Não dá.
Rollemberg alfineta
O ex-governador Rodrigo Rollemberg também entrou no debate, apontando a mesma questão lógica. “As urnas são confiáveis para eleger a maior bancada que o PL já fez na história e não são para eleger Lula presidente?”, indagou.
Para ele, só existe uma saída: “acabar de uma vez por todas com esse golpismo”. Rollemberg luta na Justiça Eleitoral para ganhar mandato de deputado, alegando que foi mais votado que o adversário eleito Gilvam Máximo, embora seu partido, o PSB, não tivesse alcançado o quociente eleitoral.
O ex-governador tenta, assim, derrubar uma interpretação histórica da legislação eleitoral. Como foi orientado por um antigo ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Rollemberg ainda aposta na ação. Caso contrário, pode ir para o governo Lula, em vaga da cota do PSB.
Suicídio
Já a distrital Júlia Lucy, que não se reelegeu, pensa justamente o contrário.
Acredita ela que “estamos em um país que se diz democrático, mas em que não se pode questionar as sagradas urnas eletrônicas, sob pena de ser taxado de golpista”.
Por isso, assegura, esse passo do presidente Jair Bolsonaro soa, praticamente, como um suicídio.