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Do Alto da Torre
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Definições ficam mais próximas

Reguffe avisa que o mais provável é permanecer no Podemos. Mas tem negociado com União Brasil, PDT, PSD e até PSB

Eduardo Brito

04/03/2022 5h00

Atualizada 03/03/2022 23h00

Foto: Reprodução

O senador José Antonio Reguffe tem se reunido com dirigentes de ao menos quatro partidos além do seu, o Podemos, e com parlamentares que esperam uma definição sua para eventuais definições de rumo. Por enquanto, Reguffe mantém a postura de esfinge. Não diz se disputará a reeleição ou o governo, nem se permanecerá no partido. Uma dessas parlamentares, que poderá compor com ele, quer uma informação mais precisa sobre o destino de ambos até o dia 10, para não se confundir com o prazo final das filiações partidárias, mas o senador manteve sua data limite para o final de março.

Possíveis destinos

Reguffe avisa que o mais provável é permanecer no Podemos. Mas tem negociado com União Brasil, PDT, PSD e até PSB. Além desses, SD e Pros têm interesse em compor esse grupo. Existem dúvidas inclusive de natureza interna. Por exemplo, até agora não se sabe com certeza quem comandará o endinheirado União Brasil no Distrito Federal. Feitas as contas, Reguffe pode ser candidato ao Buriti em uma chapa que englobe alguns desses partidos, ou todos eles. “O que pretendo”, comenta o senador, “é montar um projeto alternativo para o Distrito Federal”. Reguffe pode ser, assim, candidato à reeleição na chapa do PDT, caso a também senadora Leila Barros (foto) opte pelo partido ao deixar o Cidadania. E pode até ser senador na chapa de Izalci, já lançado pelo PSDB.

Chapas de deputado são a pedra de toque

Em todo esse jogo de xadrez a pedra de toque é a formação das chapas para deputado federal, mostra um atento parlamentar brasiliense. O Brasil talvez seja o país que confere maior relevância política-eleitoral às bancadas da Câmara dos Deputados. Os caciques partidários jogam todas as suas fichas nelas. Afinal, é o tamanho dessas bancadas – e, antes, das nominatas apresentadas aos eleitores – que define cláusula de barreira, tempo de televisão e rádio, e o mais importante, o volume do fundo partidário. Com isso, os caciques se preocupam mais com as nominatas de deputado federal do que com as escolhas de senador, de governador e, se bobear, até de presidente da República.

Chapas estão difíceis

As dificuldades para compor as chapas brasilienses explicam a demora nos níveis majoritários. A maioria dos partidos ainda não contam com nominatas tranquilizadoras, justamente para a Câmara dos Deputados. Não contam com nomes de maior repercussão para essa disputa o Podemos de Reguffe, os tucanos de Izalci, o PSD de Paulo Octávio, o União Brasil se confirmada a saída de Bia Kicis e Alberto Fraga, até o MDB do governador Ibaneis, caso não haja reforços de última hora. A falta de coligações, pela primeira vez proibidas para as eleições proporcionais, é crucial nesse sentido.

Até o PT

As dificuldades para a composição das nominatas afeta até o PT, que há mais de 30 anos sempre elegeu deputados federais por Brasília. Na eleição de 2018, o PT não atingiu o quociente eleitoral e só elegeu uma deputada federal porque Érika Kokay, a segunda mais votada, conseguiu uma vaga nas chamadas sobras. Neste ano a escassez de nomes é a mesma e a própria Érika pensa cada vez mais em disputar o Senado, agora animada por pesquisas que têm circulado. Pior ainda, a margem petista pode ser desidratada pelo surgimento de candidaturas da mesma vertente, casos do ex-governador Rodrigo Rollemberg pelo PSB, de Reginaldo Veras pelo PDT, e da professora Fátima Sousa pelo PSOL.

Passado compromete

O presidente regional do DEM, Alberto Fraga, insistiu muito com a ministra Flávia Arruda, no almoço que tiveram na semana passada, para que dispute o Buriti este ano. O ex-governador José Roberto Arruda, que chegou para o café, participou do final da conversa. Depois, Fraga disse a esta coluna e a mais jornalistas que Flávia Arruda está desperdiçando a chance de ser governadora ao optar por ser candidata a senadora na chapa de Ibaneis Rocha. A verdade é que ele mesmo deu exemplo: na eleição passada deixou uma candidatura bem encaminhada ao Senado para desafiar Ibaneis – no final, não chegou ao segundo turno e amarga sol e sereno há quatro anos.

Rede de blogueiros

O advogado Luis Felipe Belmonte está oferecendo mundos e principalmente fundos para conseguir apoio de blogueiros da cidade. O objetivo é formar uma rede de fake news no Distrito Federal. Já conseguiu pegar pelo menos um passarinho; agora tenta convencer o pessoal de caráter mais maleável para lançar acusações contra Ibaneis Rocha, seu inimigo há muitos anos.

Primeiras trocas já em curso

O distrital Iolando Almeida fez as contas e percebeu que seu partido, o PSC, dificilmente somará votos suficientes para superar o quociente eleitoral e, assim, garantir sua reeleição. Entrou na lista dos parlamentares em busca de nova legenda. Já o também distrital Roosevelt Vilela se antecipou. Antes mesmo de aberta a chamada Janela Partidária, que vale desde o dia 3, pediu à direção da Câmara Legislativa que o integrasse formalmente à bancada do PL.

Bloco cresce

A propósito, o também distrital Agaciel Maia esteve ontem com o govenador Ibaneis Rocha. Além de pleitear reajustes para categorias de servidores como os agentes de vigilância ambiental e saúde, Agaciel comunicou oficialmente ao governador que a entrada do deputado Roosevelt Vilela, que trocou o PSB pelo PL, reforçou o bloco partidário União pelo Distrito Federal, que apoia Ibaneis. “Desse modo, seremos o maior bloco da CLDF”, comemorou. Além dos dois distritais, fazem parte Jaqueline Silva (PTB), José Gomes (PTB), Jorge Vianna (Podemos) e Daniel Donizet (PL).

Na semana que vem

A senadora brasiliense Leila Barros deverá definir sua nova legenda na semana que vem. Tudo indica que irá mesmo para o PDT.

Procuradoria da Mulher em ação

Leila Barros está empenhada em turbinar a ação da Procuradoria Especial da Mulher do Senado, por ela assumida. Revoltou-se quando soube que o presidente da Câmara Municipal de Aparecida de Goiás, André Fortaleza, foi protagonista do que a senadora Leila chamou de “cenas abomináveis de machismo, estupidez, grosseria, falta de educação e misoginia”. Fortaleza atacou a única vereadora mulher da cidade, Camila Rosa, do PSD, quando ela defendia maior presença feminina na política. Camila registrou um boletim de ocorrência. Leila colocou a Procuradoria Especial da Mulher à disposição para apoiar a vereadora. Aparecida de Goiás, lembrou a senadora, fica a apenas 222 quilômetros da porta do Congresso Nacional.

Na linha ortodoxa

Anunciando sua condenação à guerra na Ucrânia, na sessão ordinária da Câmara Legislativa desta quinta-feira, 3, a distrital petista Arlete Sampaio (foto) fez uma ressalva. Assegurou que, para entender o conflito entre a Rússia e o país vizinho, não se pode “simplificar os fatos e partir para uma adesão imediata a um dos lados”. Citando diversos eventos geopolíticos das últimas décadas, a parlamentar reforçou que “é preciso entender a história”. Em outras palavras – assim como dizia ontem mesmo a ex-presidente Dilma Rousseff – em última análise os culpados são o imperialismo e a agressividade da Otan.

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