Apesar de um ou outro aceno de rebeldia, em especial um esperneio do PL, a composição dos novos cargos da Câmara Legislativa correu mais do que tranquila. Isso vale para a Mesa Diretora, em que prevaleceu o relacionamento ameno do presidente Wellington Luiz com o Buriti e com a oposição, tanto assim que ninguém ousou mexer com o vice-presidente petista Ricardo Vale.

Mas vale também para as comissões, onde todos os presidentes foram mantidos. A única exceção foi a Comissão de Assuntos Fundiários, que passou do distrital João Hermeto, do MDB, para Jaqueline Silva, cristã nova no partido. Pode até parecer esquisito, mas todos jogaram aí de olho no futuro.
Já se pensa na sucessão
Como o PL ameaçou um enfrentamento, pensou-se na transferência da segunda secretaria, hoje ocupada por Roosevelt Vilela, do partido, para Jaqueline Silva. Não funcionou. Primeiro, porque Roosevelt recuou, sob risco de deixar o PL – e ele próprio – sem cargo nenhum.


Segundo porque Jaqueline, que não é boba, preferiu a presidência da Comissão de Assuntos Fundiários, espaço para um semestre animadíssimo, com ajustes no PPCUB, o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília, e principalmente do PDOT, Plano Diretor do Ordenamento Territorial, que regula o uso do solo em quase todo o território do Distrito Federal.
Nisso sobrou aparentemente o distrital Hermeto, que presidia a CAF. Só aparência. O líder do Buriti na Câmara, Robério Negreiros, que exercia o cargo com competência, aceitou a quarta secretaria, que coube a seu PSD. João Hermeto foi para a liderança do Governo.

Não é nada, não é nada, o cargo tem um histórico de conduzir à futura presidência da Câmara.
Esperneio do PL
Com três distritais, o PL tem direito a uma vaga na Mesa Diretora. O MDB, por exemplo, tem seis e ocupa o primeiro lugar. Parece não haver motivo para grande protesto da bancada e menos motivo ainda para discutirem a questão com o governador Ibaneis Rocha. E tudo com aval do presidente nacional do partido, Waldemar Costa Neto. A única conclusão é que a composição da Mesa foi só um pretexto.

O tema que interessa realmente ao PL é outra composição, a da futura chapa à sucessão. O partido tem várias candidatas em potencial, não apenas sua presidente regional Bia Kicis, mas também a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Tudo isso exige uma costura cuidadosa para 2026 que, sabemos todos, está logo ali.
Só para conferir

De acordo com a norma, a bancada do MDB, com seis parlamentares, atingiu o quociente de 1,75, correspondente a duas vagas. Em seguida, o Bloco União Democrático, composto por 5 deputados tem o quociente de 1,45, equivalente a uma vaga.
Já o PL tem 3 distritais, quociente de 0,88 e uma vaga. Exatamente os mesmos números do PT e do Bloco Parlamentar PSOL-PSB, ambos com uma vaga cada.
Por fim, com dois membros, o PP tem quociente de 0,58 e uma vaga. Também se fixou a proporcionalidade partidária que define o número de lugares de cada bancada para fins de composição das comissões permanentes, do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa.
Com estas regras, o MDB tem 1,25 de quociente e uma vaga. Já o Bloco União Democrático, 1,04 de quociente e uma vaga. PL, o Bloco PSOL-PSB e o PT atingiram quociente de 0,63 e uma vaga cada.
O PP chega ao quociente de 0,42, enquanto Avante e Cidadania têm 0,21 para cada. Enfim, Rogério Morro da Cruz, recém-filiado ao PRD surgido do PTB, levou a presidência da Comissão dos Assuntos Sociais, enquanto a doutor Jane Klebia assumira a Comissão da Mulher, proposta por ela mesma)