O distrital Pastor Daniel de Castro encontrou um alvo prioritário para seus discursos na Câmara Legislativa: o decano Chico Vigilante, petista.
Com raras falas voltadas aos assuntos do Distrito Federal, o pastor bolsonarista, assim como seu colega petista, traz ao púlpito assuntos de relevância nacional e até internacional, mas em que nada acrescentam ao dia a dia da população brasiliense.
Na sessão desta terça-feira, 3, o assunto levantado por Chico Vigilante foi à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que suspendeu o funcionamento do X — antigo Twitter — e o bloqueio das contas da StarLink.
O petista afirmou que o empresário Elon Musk, dono das duas empresas, não pode se comportar como se fosse maior que a lei brasileira e nem atacar a democracia por meio de sua rede social.
Na sequência, Daniel de Castro tomou a palavra para atacar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a decisão de Moraes, acusando a atual gestão federal de “ditadura”, “comunista” e tantos outros adjetivos que levaram o Vigilante a pedir a palavra novamente.
Enquanto o bolsonarista saia do Plenário da Câmara Legislativa, Chico rebatia o colega, lembrando que ele fez parte do governo petista de Agnelo Queiroz, quando foi administrador e recebia apoio para membros da sua igreja.
“Gostaria de falar para esse cidadão”, se referiu o petista ao companheiro de parlamento. Daniel de Castro só voltou quando Chico Vigilante deixara o Plenário.
Entre os assessores, a especulação era de que o petista, nervoso com o comportamento do colega, havia passado mal e retornado para o seu gabinete. Apesar de ser uma suposição, em um raro episódio, o decano da Câmara Legislativa não retornou para a votação.
Missão: polarizar
A tática de Daniel de Castro é clara. Usando artimanhas do bolsonarismo — ou da extrema-direita, como preferir — ele busca polarizar os debates de forma ideológica.
Não é incomum que o deputado do PP aguarde a fala de Chico para falar na sequência e trazer dados, que muitas vezes não têm relação com o que está sendo debatido ou que foi levado pelo próprio petista.
Conhecido por chamar o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro de “Capiroto”, Chico até tem evitado mencionar o nome do desafeto, mas sempre acaba sendo rebatido, em qualquer que seja o assunto, por Daniel de Castro.