Menu
Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

CPI da Câmara não modificará ritmo

“Conclamo coerência! Que sua caneta pese do mesmo modo”, assinalou Paula Belmonte, que é suplente da CPI

Eduardo Brito

20/04/2023 19h38

Foto: Carlos Gandra/CLDF

Presidente da CPI da Câmara Legislativa que investiga os atos antidemocráticos, o distrital Chico Vigilante já dizia – ao contrário de outros parlamentares do seu PT – que “os deputados e senadores que apoiam o governo deveriam formar uma CPI para investigar esses atos tenebrosos”.

Ele assume que “felizmente, essa comissão agora está saindo”. Isso não terá impacto nenhum sobre o andamento da CPI em andamento na Câmara Legislativa, ressalta.

Chico Vigilante procura rejeitar, porém, qualquer responsabilidade do governo Lula sobre as revelações relativas ao Gabinete de Segurança Institucional.

Lembra já ter dito que os atentados de 8 de janeiro não teriam acontecido sem a conivência nem a participação de integrantes da PMDF e do Exército brasileiro, assim como disse também que tinha gente do GSI envolvido.

Completa: “e a equipe que estava no GSI em 8 de janeiro era a mesma que tinha trabalhado no período do general Heleno”, só para contra-atacar, perguntando “porque essas imagens foram editadas e mostraram desta vez o general Gonçalves Dias?” Afinal, quando a CPI da Câmara requereu todas as imagens de 8 de janeiro, do dia anterior e dia posterior, e enviamos técnicos para irem até o GSI e copiá-las, “eles não liberaram”.

Questão de ingenuidade

Chico Vigilante admite que “é complicado acreditar na ingenuidade de um homem experiente”, mas acha que o general Gonçalves Dias, nomeado pelo presidente Lula para o GSI “acreditou demais em pessoas em quem não deveria acreditar”. Aposta que ele foi enganado nesse caso, “porque inclusive o presidente Lula pediu essas imagens”.

O distrital lembra que, com a convocação da CPMI pelo Congresso, o general Augusto Heleno, que evitou aparecer na Câmara Legislativa, será obrigado a comparecer, a não ser que consiga uma liminar no STJ. “Também vamos convocar o general Dutra, que foi convidado e disse à CPI da Câmara que queria responder às perguntas por escrito, mas não queremos isso, queremos a oitiva dele olho no olho”, acrescentou.

Chico Vigilante fala agora da CPMI do Congresso como fato consumado, embora exija estratégia por parte do Planalto de Lula.

“Entendo que cabe agora, à base do Governo no Congresso, escolher os melhores quadros políticos, compor a CPMI com esses quadros, ir para cima e investigar tudo o que tem de ser investigado, pois só isso vai desmontar qualquer tentativa de palanque sórdido dos que só querem criar confusão e atrapalhar o desenvolvimento do País”, em uma referência óbvia à oposição, que também briga por ter maioria na CPMI.

Próximos passos

A CPI da Câmara já tinha aprovado requerimento para convidar o então ministro Gonçalves Dias a depor. Faltava só ser feito o convite e marcada a data.

Na próxima quinta-feira, 27, Chico Vigilante espera que a CPI aprovar as convocatórias dos três generais – Dias, Heleno e Dutra – em seguida montando o cronograma para ouvir os três em reuniões a cada semana. Um após o outro.

Lembra ainda que “a CPMI do Congresso pode convocar autoridades locais que nós, por força de lei, não podemos investigar, até mesmo o governador do Distrito Federal e tudo isso vai ajudar a complementar o nosso trabalho”.

De olho na Praça dos 3 Poderes

Na verdade, poucas vezes a política nacional pautou tanto a Câmara Legislativa como agora. A última sessão ordinária apresentou claramente as diferenças no encaminhamento dos assuntos de âmbito nacional a serem tratados na Casa, especialmente no que diz respeito à investigação dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

Enquanto o presidente da CPI, Chico Vigilante reclamava do bolo que o general Heleno havia dado na Comissão, lembrando que “primeiro o general pede para antecipar o depoimento, depois deu um baita bolo na gente”, a também distrital Paula Belmonte propôs, da tribuna interpelar o ministro Alexandre de Moraes acerca da aparição do então chefe do GSI, general Gonçalves Dias, nas imagens no dia dos atos e o sigilo imposto às câmeras. “Conclamo coerência! Que sua caneta pese do mesmo modo”, assinalou Paula Belmonte, que é suplente da CPI.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado