Hoje presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial e citado como possível candidato a governador do Distrito Federal, o ex-interventor na segurança brasiliense Ricardo Cappelli, entrou com tudo na campanha do Planalto contra os juros.
Diz que a utilização da capacidade instalada da indústria chegou a 83,4%, número muito próximo do recorde de 2011. Ou seja, a economia está decolando.
Portanto, ensina, “precisamos baixar os juros para as empresas poderem tomar capital para ampliar a capacidade produtiva, ou seja, subir juros agora é um crime contra o Brasil”. Cappelli conta ter ouvido de um empresário que “tem banco me oferecendo títulos com rendimento de 15% ao ano. Quem tirará dinheiro do banco para investir?”. Diante disso, Cappelli conclui que, “para que a indústria dê o salto que o Brasil precisa e merece, produzir tem que entregar um lucro maior do que especular”.
Traduzindo, ele está assumindo o discurso de Lula e do comando petista para redução de juros, não importa o que isso signifique para a inflação.
Registre-se que Ricardo Cappelli está hoje no PSB, conta com amplo apoio no partido, mas para ser candidato precisa de aval do PT, mesma situação do candidato das esquerdas na eleição passada, Leandro Grass, agora presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que está no PV.
Venda de carros
Cappelli foi à abertura do Congresso da Fenabrave, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, que reúne o comércio de carros. Em seu discurso, lembrou que a venda de automóveis cresceu 13% no primeiro semestre, para acrescentar que “vai crescer ainda mais no segundo semestre se o Banco Central não sabotar o Brasil subindo os juros quando não há fundamento técnico que justifique este absurdo”. Problema é que praticamente todos os economistas – Cappelli é jornalista – defendem a alta de juros se houver pressão inflacionária.
Nesse capítulo, o ex-distrital Leandro Grass declarou nesta quarta-feira, 21, que o maior desafio para quem faz política de verdade é superar o crescimento da anti-política. “Esse sentimento é o que impulsiona figuras grotescas que esvaziam o debate público, o deslocam para a baixaria ou para o moralismo e quem joga fora das regras do jogo ganha muito com isso”. Claro que Grass pensava em Pablo Marçal, que está tomando votos dos candidatos sérios de São Paulo, entre eles o aliado Guilherme Boulos. Mas o tiro serve para muito mais gente.