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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Batalha pela alma das feiras e dos feirantes

Há até certa ciumeira entre distritais da esquerda sobre esse celeiro de votos. Mas não são só eles.

Eduardo Brito

11/05/2023 21h52

Chico Vigilante Local CLDF Foto: Kléber Lima

O celeiro de votos representado pelas feiras – a maior concentração de eleitores por metro quadrado no Distrito Federal – sempre funcionou como um ímã para os políticos brasilienses, como aliás em muitas outras cidades.

O ex-governador José Roberto Arruda, por exemplo, sempre foi assíduo frequentador. A esquerda sempre percebeu essa alternativa e apostou nela. O distrital Chico Vigilante, mais antigo detentor de mandato em Brasília, reserva religiosamente um dia por semana a visitar feiras.

Há até certa ciumeira entre distritais da esquerda sobre esse celeiro de votos. Mas não são só eles.

Recém-chegado à Câmara Legislativa, o distrital Thiago Manzoni, da ala bolsonarista, lançou uma ofensiva pelo apoio dos feirantes e apelou para a criação de uma certa Frente Parlamentar em Defesa das Feiras Públicas do Distrito Federal.

A instalação da frente ocorreu com pompa e circunstância em uma festa concorridíssima na própria Câmara, com direito à presença e discurso da vice-governadora Celina Leão (foto), outra que não dispensaria esse filão de votos.

Cartão de vacina vira tema da Câmara Legislativa

Eleito na esteira da deputada bolsonarista Bia Kicis, o distrital Thiago Manzoni trouxe o enfrentamento ao PT para a Câmara Legislativa e escolheu a polêmica dos cartões de saúde do ex-presidente Bolsonaro como tema de debate ditas fora de contexto.

Após a questão ser tratada por outros distritais, Manzoni partiu para a briga, contestando os discursos dos deputados que o antecederam, em especial os do PT. Disse que “as adjetivações usadas por eles – como grave, indefensável, criminosos e milicianos – por conta de um cartão de vacina não faziam o menor sentido”. Deu a entender que o enfoque todo beira o ridículo.

“A Polícia Federal, que há pouco tempo investigava o Mensalão, o Petrolão, a Sanguessuga e outras coisas, agora investiga cartão de vacina”, ironizou. Aí partiu para o ataque. Manzoni afirmou que “realmente grave e indefensável foi o primeiro grande escândalo que o PT trouxe para o Brasil: o Mensalão”. 

Afinal, completou, “era o Lula pagando mesada para os deputados federais aprovarem matérias de interesse do governo no Congresso, o que representou a primeira grande vergonha”. A partir daí abriu fogo contra o próprio presidente. Referindo-se a Lula disse que “o pai da mentira disse que não sabia de nada e entregou a cabeça de José Dirceu, seu braço direito, que assumiu a responsabilidade”.

Ele foi preso. Delúbio Soares foi preso, José Genoino foi preso. “Todos acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Formação de quadrilha sim, é grave, é indefensável”, esclareceu Thiago Manzoni.

Citou o Petrolão, “esquema que lesou a Petrobrás em R$ 5,6 bilhões de reais, só pela Odebrecht”, e voltou ao atual presidente: “mas, em todos esses crimes, Lula dizia ‘eu não sei’ e uma sucessão de crimes culminou em sua prisão e condenação a 12 anos de cadeia, por ser considerado o mentor intelectual do maior esquema de corrupção de que o mundo ocidental tem notícia”.

Para o futuro

Thiago Manzoni queria mesmo chegar à conclusão de que “pior do que o passado é o que está por vir para o brasileiro”. Mais uma vez comparando com a questão do cartão de vacina, afirmou que “grave é o presidente do Brasil dizer que ele vai fazer o que for possível e impossível para salvar a Argentina da tragédia comunista que assola aquele país, como a fome, a hiperinflação e a desvalorização da moeda”.

Para ele, “isso significa que eu e você, população do Distrito Federal e do Brasil, vamos ter que nos matar de trabalhar para pagar impostos e mandar dinheiro para a Argentina. Isso é grave”.

Outra situação grave é dizer que a Venezuela é uma democracia e não uma ditadura. É indefensável defender Ortega na Nicarágua, que está matando cristãos e perseguindo católicos e evangélicos por conta da religião. “Isso é grave, isso é indefensável”, não o cartão de vacina.

“No entanto, os mesmos personagens retornaram ao poder, e isso parece um filme de terror do qual os brasileiros não conseguem se livrar”. O distrital encerrou a sua fala desejando que a Polícia Federal investigue casos sérios de corrupção e não bobagens.

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