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Explosão de Grosjean, Hamilton com COVID e Pietro Fittipaldi no próximo grid…

Sem dúvidas, essa foi a semana mais intensa da Fórmula 1 em 2020.

Aurélio Araújo

02/12/2020 13h26

Piloto francês Romain Grosjean tenta escapar das chamas durante grave acidente. Foto Divulgação.

Era um domingo normal, como outro qualquer, e como de praxte, sentei no sofá para assistir à corrida de Fórmula 1. O Grande Prêmio do Bahrein estava longe de prometer grandes emoções. Com Hamilton já campeão em 2020, a diversão estava nas posições seguintes e na briga pelo segundo e terceiro lugar no mundial de construtores. 

Bebendo meu café, assisti a uma largada típica dessa temporada. Hamilton dispara, Bottas fica para trás e Verstappen se aproveita para morder a segunda posição. Passada a primeira curva, em um toque entre Kvyat e Grosjean, veio o inesperado. O piloto francês perdeu o controle entrou à direita, bateu nos guard rails (guarderreios) e o carro explodiu. Isso mesmo, explodiu! Uma bola de fogo se formou na metade do carro presa às grades com o piloto dentro. Uma cena que me lembrou os trágicos acidentes dos anos 70, como o de Niki Lauda em Nurburgring, Alemanha (1976).

Acidente de Niki Lauda em Nurburgring, Alemanha (1976). Foto: Divulgação.

A TV mostrou a explosão e depois focou na corrida. Isso sempre acontece quando a coisa é grave. Sem imagens detalhadas, ficou a apreensão. 29 segundos… esse foi o tempo que o piloto levou para poder sair do carro e, com ajuda do médico da F1, Doutor Ian Roberts, pular os guarderreios em chamas, para o alívio de todos. A bandeira vermelha foi imediata e, aos poucos, as imagens com os detalhes do que poderia ter sido uma tragédia na pista, mostraram o quanto a evolução dos pontos de segurança da Fórmula 1 estão no caminho certo.

Ao fundo (esq.) o carro em chamas do piloto francês da Haas, Romain Grosjean. Foto: Divulgação.

O halo, estrutura que protege a cabeça do piloto, foi fundamental, assim como o macacão anti-chamas e a célula de segurança. Tudo isso permitiu que o francês saísse com vida e, se considerarmos o cenário, com poucas sequelas. Se havia qualquer debate sobre o uso ou não do halo e da necessidade constante do aumento de segurança na pista, acredito que ele está definitivamente encerrado. O halo poderia, por exemplo, ter  salvado a vida de Senna e, com certeza, ajudou a salvar a vida de Grosjean.

A chegada quase que imediata do safety car no local, também foi decisiva e está ligada à evolução da segurança nos Grand Prix. Por sugestão do Professor Sid Watkins, o safety car larga no final da fila junto com os monopostos e faz uma primeira volta completa e, como o acidente foi logo após a primeira curva, o safety car pilotado por Alan van der Merwe tendo a bordo o Dr. Ian Roberts chegou no local da explosão segundos após a batida.

Dr. Ian Roberts ajuda Grosjean a pular o guarderreio em acidente no Grande Prêmio do Bahrein. Foto: Divulgação.

Ross Brown, diretor geral da Fórmula 1, afirmou que “foi um choque para todos ver um acidente daquela severidade, não estamos acostumados com aquilo, ainda mais com fogo envolvido”. E ele tem razão, apesar de comum nos anos 70 e 80, o último grande acidente com chamas foi com Gerhard Berger no GP de San Marino em 1989. 

No Instagram, Lewis Hamilton afirmou: “Estou muito grato que Romain (Grosjean) está seguro. (…) o risco que temos não é brincadeira, para vocês que esquecem que nós colocamos nossas vidas na linha por esse esporte e por aquilo que amamos fazer. Obrigado à FIA pelos grandes passos que permitiram Romain sair são e salvo”.

Para o alívio de todos, Romain Grosjean está bem e, hoje mesmo, sua equipe (Haas F1 Team) soltou um comunicado informando que ele recebeu alta do hospital em que estava internado. O piloto continuará no Bahrain tratando as queimaduras que sofreu nas mãos, mas não retornará para a próxima corrida em Abu Dhabi.

Do hospital, Grosjean agradece o carinho dos fãs: “muito obrigado por todas as suas mensagens (…)”. Foto: Divulgação.

Com o afastamento de Grosjean, iniciou-se uma verdadeira dança das cadeiras no grid e, depois de 3 anos, teremos um piloto brasileiro de volta a um monoposto de F1. Pietro Fittipaldi, piloto reserva e de testes da Haas, irá substituir o piloto francês. Pietro será o quarto Fititipaldi a competir na principal categoria do automobilismo. O primeiro e mais famoso foi seu avô Emerson Fittipaldi, que correu por 10 anos (1970 – 1980), participou de 144 largadas e fez história com dois títulos mundiais na conta, os primeiros do Brasil na Fórmula 1. Depois tivemos Wilson Fittipaldi Jr (1972 a 1975) com 35 largadas e, por último,  Christian Fittipaldi (1992 – 1994), com 40 largadas. 

Pietro Fittipaldi, piloto reserva da Haas, coloca o Brasil novamente no grid depois de 3 anos. Eles será a quarta geração da família a representar o Brasil na competição. Foto: Divulgação.

Infelizmente, o gostinho de ter um brasileiro no grid vai durar pouco, a Haas já confirmou a dupla Mick Schumacher (filho do multicampeão) e o russo Nikita Mazepin para a temporada de 2021. Aí você acha que acabou, mas no meio dessa confusão toda, Lewis Hamilton informou que testou positivo para COVID-19. Começa então o burburinho sobre quem vai substituí-lo e a Mercedes logo anuncia George Russell, piloto da Williams. Sem perder tempo, a Williams anuncia que o debutante Jack Aitken irá substituir George Russell. 

O GP de Abu Dhabi, que parecia um fim melancólico para uma temporada dominada por Hamilton, terá piloto brasileiro debutando na pista, piloto da Williams correndo pela Mercedes e piloto da F2 correndo na F1. A temporada parece que vai terminar mais divertida do que começou. 

Como disse na prévia, Sem dúvidas, essa foi a semana mais intensa da Fórmula 1 em 2020. Boa sorte Pietro!

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