Com direção da já conhecida atriz Sandrine Kiberlain, o longa “A Garota Radiante”, lançado na Semana da Crítica de Cannes do ano passado, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (30). A trama se desenvolve de maneira simples ao abordar um dos temas mais difíceis representados pelo cinema: a opressão nazista dos anos de 1940.
Irene (Rebecca Marder) é uma jovem judia de 19 anos cheia de energia, sonhando em ser uma atriz de sucesso e entrar no teatro. É verão, e sua família a observa descobrir o mundo, seus amigos, um novo amor e a paixão pelo teatro – que só aumenta a cada dia. Irene decide definitivamente que quer ser atriz e vive seus dias com a despreocupação característica da juventude. Ela então ensaia L’Épreuve, de Marivaux, para se preparar para o teste do conservatório. Porém, ela não sabe que sua vida corre perigo.
Sandrine Kiberlain estreia como diretora em “A Garota Radiante”. Sua produção não conta logo de cara do que se trata o filme. No corte inicial temos uma protagonista que participa de um grupo de teatro, está feliz, exala carisma, mas vive passando mal. Estresse, ansiedade ou medo?
Embora o filme seja ambientado no início da ocupação Nazista na França, não se vê soldados nas ruas ou bandeiras. Tudo ainda é um mistério. Só se percebe que a personagem principal é judia quando iniciam-se as ordens, como os carimbos em vermelho nos passaportes ou o fato de precisarem entregar aparelhos como rádio ou telefones.

Até mesmo os cenários, figurinos e falas não indicam a época em que se passa a história, todos esses elementos são minimalistas. Essa questão da temporalidade confusa é algo proposital. Filmes que abordam o nazismo geralmente já começam tristes, com paletas cinzas, em campos de concentração. E Sandrine propõe justamente uma sensibilidade sobre o início de tudo, o preconceito com os judeus, a juventude que ainda não entendia o motivo das novas ordens e o modo repentino como o povo se virou contra eles.
Irene, vivida pela atriz Rebecca Marder, compõe uma jovem que pode até ser vista como alienada aos acontecimentos políticos do período. Mas, não. Ainda era tudo muito novo, e o que se podia fazer era viver normalmente, esperando o melhor. Seus momentos de comédia, que são muitos, bem como o primeiro amor, se dividem com uma fluidez natural mesmo como o medo pairando.

O objetivo do filme é precisamente mostrar como as famílias judias não tinham nada de diferentes das outras. Mesmo com novas experiências nos estudos ou relacionamentos, ainda assim o intuito é trazer os momentos familiares, jantares, apoio, risos, etc.
Conclusão
“A Garota Radiante” é um filme que fala sobre o nazismo e como ele foi corrosivo, mas busca entregar com sensibilidade como os fatos se iniciaram. Sandrine Kiberlain faz sua estreia como diretora de longas-metragens com segurança e empatia.
Confira o trailer:
Ficha técnica:
Direção: Sandrine Kiberlain;
Roteiro: Sandrine Kiberlain;
Elenco: Rebecca Marder, André Marcon, Anthony Bajon, Françoise Widhoff, India Hair;
Gênero: Drama;
Distribuição: Pandora Filmes;
Duração: 98 minutos;
Classificação Indicativa: 14 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Sinny Assessoria