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Cinema com ela
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Maika Monroe e Nicolas Cage protagonizam o suspense de terror melancólico “Longlegs: Vínculo Mortal”

O terror de Osgood Perkins, ambientado nos anos 90, se torna mais perturbador com o tempo, à medida que seu bicho-papão satânico se fixa na sua mente

Tamires Rodrigues

29/08/2024 5h00

Atualizada 28/08/2024 22h25

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Foto: Divulgação/ Diamond Films

Osgood Perkins constrói em “Longlegs: Vínculo Mortal” uma narrativa intrincada que se entrelaça nas camadas mais sombrias do medo e da obsessão humana. A trama conduz o espectador por uma jornada profundamente perturbadora, um labirinto psicológico onde cada curva esconde novos e inesperados horrores. À medida que a história se desenrola, Perkins revela gradualmente as complexidades dos personagens e o peso do passado que os persegue, criando uma atmosfera sufocante que prende o espectador em um ciclo de tensão crescente e inquietação. O filme, ambientado nos anos 90, brinca com elementos de procedurais policiais e terror psicológico, costurando referências clássicas com um estilo visual moderno e inquietante.

A narrativa segue a agente do FBI, Lee Harker (Maika Monroe), que é convocada para reabrir um caso arquivado de um serial killer em uma cidade tranquila. À medida que Lee mergulha na investigação, ela descobre indícios perturbadores de práticas ocultas ligadas aos crimes, levando-a por um caminho sinuoso e perigoso. Conforme desvenda pistas, Harker se vê confrontada com uma conexão pessoal inesperada com o assassino, lançando-a numa corrida contra o tempo para evitar novas vítimas. 

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Foto: Divulgação/ Diamond Films

Maika Monroe entrega uma performance que é ao mesmo tempo intensa e introspectiva. Harker é uma personagem que carrega o peso de sua missão como uma cruz, isolando-se de todos ao seu redor. Ela não é uma heroína convencional; sua falta de traquejo social e sua obsessão pelo trabalho a tornam uma figura intrigante e complexa. Monroe, conhecida por seu trabalho em “Corrente do mal” (2014), mais uma vez prova ser uma força no gênero, trazendo profundidade emocional e vulnerabilidade para uma personagem que poderia facilmente ser interpretada de forma unidimensional.

A atmosfera do filme é densa, quase opressiva, com Perkins utilizando uma paleta de cores sombrias e uma cinematografia que alterna entre enquadramentos claustrofóbicos e expansões repentinas que deixam o espectador desorientado. A escolha de brincar com a simetria e os ângulos, especialmente quando o símbolo satânico começa a aparecer, contribui para um sentimento constante de desequilíbrio, refletindo o estado mental de Harker e a presença malévola de Longlegs. A maneira como a narrativa é dividida em três atos, cada um com seu próprio ritmo e tensão, também reforça a sensação de uma descida inevitável para a escuridão.

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Foto: Divulgação/ Diamond Films

Nicolas Cage, em uma de suas performances mais inquietantes, personifica Longlegs com uma mistura de terror e absurdo que o torna um vilão memorável. Com uma aparência que oscila entre o grotesco e o surreal, Cage consegue transmitir uma malevolência quase infantil, como se o personagem fosse uma criança com poder absoluto e sem qualquer senso de moralidade. A forma como ele canta “Parabéns pra Você” em uma cena particular se torna uma das mais perturbadoras do filme, onde o terror está na justaposição entre o familiar e o distorcido.

Embora o filme se baseie em muitos tropos conhecidos do gênero — como a figura do serial killer que parece estar sempre um passo à frente, ou a protagonista que tem uma ligação pessoal com o mal que persegue — Perkins infunde “Longlegs: Vínculo Mortal” com suficientes toques de originalidade para manter a narrativa fresca e envolvente. A utilização de flashbacks estilizados, que imitam filmagens caseiras dos anos 70, não só contextualiza a história, mas também adiciona camadas de mistério e nostalgia, prendendo o espectador em uma teia de eventos que parece tão inevitável quanto assustadora.

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Foto: Divulgação/ Diamond Films

No entanto, é no terceiro ato que “Longlegs” vacila um pouco. O clímax, embora visualmente impactante, acaba por ser anticlimático quando comparado à construção meticulosa do suspense nos atos anteriores. A tentativa de expandir o escopo do terror acaba diluindo um pouco a força do confronto final entre Harker e Longlegs. Mesmo assim, o impacto do longa não é totalmente comprometido, se destacando como uma exploração sombria e elegante do mal e da obsessão.

Conclusão

Por fim, “Longlegs: Vínculo Mortal” deixa uma marca persistente na mente do espectador, mais pela sua construção atmosférica e pelas performances de seus protagonistas do que pelos sustos convencionais. É um filme que se infiltra lentamente na consciência, perturbando com a ideia de que o verdadeiro terror não está nas ações violentas em si, mas na sensação de que o mal, uma vez despertado, nunca pode ser completamente exorcizado.

Confira o trailer:

Ficha Técnica
Direção: Osgood Perkins;
Roteiro: Osgood Perkins;
Elenco: Maika Monroe, Blair Underwood, Alicia Witt, Nicolas Cage, Michelle Choi-Lee, Dakota Daulby;
Gênero: Suspense, Terror;
Duração: 101 minutos;
Distribuição: Diamond Films; 
Classificação indicativa: 18 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z e da Sinny Assessoria

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