No documentário “Fernanda Young — Foge-me ao Controle”, dirigido por Susanna Lira, somos convidados a embarcar em uma jornada pelo labirinto criativo que foi a vida de Fernanda Young. Com uma montagem que reflete a complexidade e a intensidade de sua protagonista, o filme quebra as convenções do gênero, rejeitando entrevistas convencionais e se concentrando na própria voz de Fernanda para narrar sua história.
Desde o primeiro frame, fica claro que este não é um documentário linear. Assim como a própria Fernanda, a narrativa é cheia de curvas, desvios inesperados e momentos de profunda introspecção. A obra celebra a escritora, a poeta e a desenhista que ela foi, destacando que, acima de tudo, Fernanda se via como uma escritora, alguém que conhecia seu destino literário mesmo antes de ser alfabetizada.
Através de uma colcha de retalhos visualmente rica, composta por entrevistas, performances artísticas e vídeos caseiros, o documentário revela os múltiplos aspectos de sua vida, desde a fama conquistada com roteiros de séries icônicas como “Os Normais” (2001-2003), até suas lutas internas com a dislexia e a depressão. Não há filtro, não há idealização; apenas a crueza e a beleza de uma mulher que transformou suas dores e paixões em arte.
Maria Ribeiro empresta sua voz para ler trechos das obras de Fernanda, em momentos que se entrelaçam com animações criadas a partir de seus desenhos, criando uma experiência quase sinestésica. E é através desses detalhes que o longa se destaca: ele não apenas conta a história de Fernanda Young, mas também convida o espectador a sentir o que ela sentiu, a ver o mundo através de seus olhos inquietos.
O filme não busca simplificar ou explicar quem foi ela. Ao contrário, ele a abraça em toda sua complexidade, deixando claro que ela foi uma artista que viveu intensamente cada aspecto de sua vida — da maternidade à criação artística, passando por suas reflexões sobre amor, sexualidade e mortalidade.
Conclusão
“Fernanda Young — Foge-me ao Controle” não é apenas um documentário; é uma celebração da autenticidade em sua forma mais pura. Ao final, fica uma certeza inabalável: Fernanda pode ter partido cedo demais, mas sua obra, assim como ela própria previu, está destinada à eternidade.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Susanna Lira;
Argumento: Marcella Tovar e Susanna Lira;
Elenco: Fernanda Young;
Narração: Maria Ribeiro;
Gênero: Documentário;
Duração: 90 minutos;
Distribuição: Synapse;
Classificação indicativa: 16 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Atômica