A atriz Vitória Strada descobriu uma hérnia de disco cervical há três anos, quando compôs o quadro de participantes do quadro ‘Dança dos Famosos’, da TV Globo. A artista precisou ficar em repouso até voltar aos ensaios e sagrar-se campeã da competição.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que oito em cada dez pessoas no mundo sofrem com a hérnia de disco. Em 2024, números do Ministério da Previdência Social mostraram que doenças relacionadas a dores na coluna lideraram o ranking de afastamentos do trabalho, com 205,1 mil benefícios. A hérnia de disco ficou em segundo lugar, com 172,4 mil.
De acordo com o neurocirurgião Rodolfo Carneiro, o diagnóstico da hérnia de disco cervical é feito com base nos sintomas relatados pelo paciente, e a ressonância magnética é o exame que confirma ou descarta o quadro.

O especialista explica que os sintomas se dividem em três grupos. O primeiro é a cervicobraquialgia, dor que irradia do pescoço para o braço e pode vir acompanhada de formigamento, dormência ou anestesia. O segundo envolve a dor cervical, decorrente de processos inflamatórios e degenerativos. Já o terceiro grupo inclui casos de compressão da medula espinhal, que nem sempre causam dor, mas provocam alterações como dormência, fraqueza nas mãos e nos pés e reflexos alterados.
“Se o paciente tem uma hérnia no meio da coluna cervical, pode apresentar sintomas mesmo sem dor. Os reflexos estarão diferentes, o que conseguimos identificar no exame clínico”, esclarece.
Causas
Segundo o especialista, a principal causa é o desgaste natural da coluna com o envelhecimento. O disco intervertebral perde a elasticidade, sofre rupturas e a parte interna pode se deslocar, comprimindo a medula ou as raízes nervosas.
No entanto, traumas também podem desencadear o problema. Acidentes de carro, quedas ou até o impacto de uma pancada na cabeça podem resultar em hérnia de disco traumática.
Exercícios com sobrecarga ou movimentos bruscos também são fatores de risco — especialmente em pessoas que já apresentam algum grau de degeneração.
Tratamento
O neurocirurgião pontua que a maioria dos pacientes responde bem ao tratamento conservador, sem necessidade de cirurgia. O protocolo inclui o uso de anti-inflamatórios, analgésicos, acupuntura e fisioterapia para aliviar a dor, reduzir a inflamação e corrigir a postura. Se não houver melhora, pode-se recorrer a procedimentos como bloqueios e infiltrações, que consistem na aplicação de medicamentos diretamente na coluna para conter o processo inflamatório.
A indicação da cirurgia
A cirurgia é considerada quando os sintomas afetam significativamente a qualidade de vida e persistem por mais de seis semanas, mesmo com tratamento clínico. Os procedimentos variam de acordo com o grau do problema. Entre os menos invasivos estão os bloqueios e infiltrações, feitos sem cortes, com recuperação imediata.
A endoscopia da coluna é indicada em casos de compressão do nervo, com alta no mesmo dia. Já a artrodese envolve a remoção total do disco comprometido, sendo mais indicada em situações graves.
A artroplastia é a opção para pacientes mais jovens com desgaste localizado, mas sem artrose nas articulações posteriores da coluna.
Nas cirurgias pela via anterior, a recuperação costuma ser rápida. O especialista ressalta que o procedimento é minimamente invasivo, pois não exige corte nos músculos — apenas o afastamento de estruturas como traqueia e esôfago. Além disso, Rodolfo reforça que os indivíduos podem ter algum tipo de dificuldade no pós-operatório, como problema de deglutição — traqueia e o esôfago são afastados.
“O paciente pode ter alguma alteração na voz (ficar mais rouco). São complicações que podem ocorrer. Geralmente, esses sintomas melhoram com o passar dos dias”, finaliza.