Fortalecer o bem-estar humano por meio das qualidades que são inerentes aos próprios indivíduos. Esse é o intuito da abordagem científica conhecida como Psicologia Positiva, conceito criado nos anos 1990 pelo psicólogo estadunidense Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia (EUA), que estuda e busca promover aspectos positivos da vida como felicidade, gratidão, otimismo, realização pessoal e resiliência. Investigar formas dignas de se viver é o grande diferencial dessa vertente, já que não foca em problemas psicológicos ou patologias, mas em aumentar a qualidade de vida por meio de práticas e intervenções identificadas a partir de pesquisas empíricas.

Das relações interpessoais ao trabalho, a Psicologia Positiva trabalha princípios que podem ser aplicados em contextos diversos, inclusive para fortalecer traços como a resiliência emocional, a satisfação e o engajamento dos indivíduos. Esse processo pode se dar por meio de intervenções incorporadas ao cotidiano, como a prática da gratidão, meditações guiadas de atenção plena (mindfulness) e estabelecimento de metas, visando um estado mental mais saudável e, como diz o próprio nome da abordagem, positivo.

“Ao focar nas forças e virtudes individuais, a Psicologia Positiva oferece ferramentas práticas para cultivar uma mentalidade mais saudável e positiva, essencial para uma vida plena e equilibrada”, comenta Cosete Ramos, doutora em Educação, com ênfase em Neurociência e Ciência das Emoções, pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos. Cosete é a idealizadora do 1° Congresso Internacional da Felicidade: Ciência da Felicidade, que ocorrerá em Brasília, no mês de agosto. “Além de promover a resiliência e a felicidade, proporcionando um sentimento maior de satisfação com a vida, pode ajudar a reduzir sintomas de ansiedade e depressão.”
Mas, afinal, como buscar o que essa abordagem científica propõe?
- Identificar as emoções e como lidar com elas
Na busca por uma vida mais equilibrada e feliz, reconhecer cada emoção e se permitir senti-las de forma consciente. Exercícios de meditação e de gratidão, até pelas pequenas coisas do dia a dia, são hábitos que podem ser grandes aliados nesse processo. Meditação ajuda a acalmar a mente e aumentar a consciência emocional. A gratidão, por outro lado, incentiva uma perspectiva positiva, ajudando a focar nas coisas boas da vida e a apreciar momentos de felicidade e contentamento.
- Apreciar a jornada, não só o objetivo final
Antecipar resultados e pular etapas pode gerar frustração e ansiedade. Assim como em qualquer outro processo da vida para se atingir um objetivo, é preciso dar a devida atenção a cada etapa. Com a busca por uma vida mais equilibrada, em relação ao bem-estar, não é diferente. Em meio a essa jornada, problemas e obstáculos podem surgir, mas isso não pode impedir que cada degrau do autoconhecimento seja celebrado. Viver é, também, se permitir sentir até as emoções ruins, mas entender que tudo passa.
- Constância é a chave
Publicado em março deste ano, um estudo da Universidade de Bristol sugere que, assim como a prática de exercícios físicos, a aplicação constante das intervenções promovidas pela Psicologia Positiva, como meditar e praticar a gratidão, é fundamental para que os benefícios se tornem duradouros. O estudo acompanhou estudantes que concluíram um curso sobre Ciência da Felicidade, no Reino Unido, e notou um aumento de 10% a 15% no nível de bem-estar. Contudo, dois anos depois, os benefícios só continuaram nos que mantiveram os aprendizados em sua rotina de vida.